Enquanto Jogador, veste a camisola do Angústias Atlético Clube desde os oito anos de idade e há nove que é Presidente da Direcção, tendo mesmo estado nos dois lados em simultâneo. Falamos de Luís Nuno de Medeiros, que será “alvi-negro” até morrer e que alcançou vários títulos, entre eles o de Campeão Açoriano de Juniores “B” na Temporada de 1992/1993.

Cristina Silveira

Sempre olhou para o “seu” Atlético como um exemplo, afirmando que jogaria no Clube da freguesia enquanto o quisessem. O percurso no Futebol começou aos oito anos – já lá vão perto de 40! – e assim se mantém, nos últimos tempos como Veterano.

Seguindo as pisadas de uma família “alvi-negra” – tem como referência os irmãos José Domingos, Carlos e Roberto – Luís Medeiros entregou-se ao “desporto-rei”, defendendo sempre as cores do Angústias Atlético Clube (AAC). Sempre, à excepção de meia temporada (de Setembro de 2002 a Janeiro de 2003), em que jogou na Feteira. “Tomei esta decisão por não concordar com os pressupostos que levaram o Atlético a participar na Série Açores, mas, passados alguns meses, o Clube falou mais alto e regressei a casa”, recorda.

Futebol: Equipa de Juniores “B” do AAC - Época de 1991/1992.

Atrás, da esquerda para a direita: Pedro Silva, António Dutra, Luís Medeiros, César Lizuarte, Fábio Ávila, Guarda-Redes; e Vítor Vargas.

À frente, pela mesma ordem: Mário Garcia, Raúl Silveira, Nelson Silva, Carlos Ferreira e Manuel Serafim

A carreira futebolística, propriamente dita, arrancou em 1984 e prosseguiu até 2008, altura em que se verificou um interregno de sete anos nas provas por falta de plantel Sénior. Pelo meio, houve muitas conquistas, de que se destaca o título de Campeão Açoriano de Juniores “B”, alcançado na Época de 1992/1993.

Foram, igualmente, ganhos Campeonatos nos Juvenis, Juniores e Seniores, nas Épocas de 1991/1992, 1992/1993, 1993/1994, 1994/1995 e 2001/2002.

Equipa de Juniores “B” do AAC, que se sagrou Campeã Açoriana na Temporada de 1992/1993 (mais precisamente a 05 de Março de 1993).

Atrás, da esquerda para a direita: Filipe Goulart, Jorge Silveira, César Andrade, Rui Goulart, Fábio Ávila, Ricardo Medeiros, Henrique Silva, Roger Vargas, Vítor Vargas e Luís Medeiros.

Ao centro, pela mesma ordem: Sandro Garcia e Manuel Serafim.

À frente, pela mesma ordem: Pedro Silva, Raúl Silveira, Mário Garcia, Marco António, Nelson Silva e Marco Silva

Pelo feito alcançado, e de acordo com o Comunicado nº 33, de 09 de Março de 1993, a Associação de Futebol da Horta decidiu louvar a equipa de Juniores “B” do Angústias Atlético Clube, pela forma “brilhante e disciplinada como representou esta Associação, conseguindo o título de Campeão Açoriano”.

“Os reflexos de uma época de ouro

O êxito alcançado pela equipa de Juniores “B” do Angústias Atlético Clube na época de 1922/93, certamente ficará gravado na memória de todos quantos contribuíram para que tal se tornasse realidade.

Depois do domínio exercido nas provas associativas em que foi envolvido, tendo, por conseguinte, conquistado o título de campeão da Associação de Futebol da Horta, o Atlético partiu em busca do campeonato regional.

O querer, a determinação e a vontade de vencer, foram argumentos demonstrados dentro das quatro linhas para tornear mais este obstáculo e inscrever o nome da equipa no historial dos campeões açorianos.

O objectivo principal foi então atingido: ser campeão regional, o qual deu direito a participar no campeonato nacional, onde o Atlético defrontou equipas de outra envergadura. A participação da equipa nesta prova e tendo em atenção as suas limitações, pode considerar-se positiva.

Tudo aquilo que se passou à volta da equipa no decorrer desta época, tem naturalmente muito a haver com o trabalho desenvolvido pelos seus mais directos responsáveis, mormente o seu treinador Carlos Lobão.

Trabalho esse exercido não só ao longo deste ano, mas principalmente desde há quatro épocas a esta parte e todos nós sabemos que os campeões não se fazem de um dia para o outro.

É necessário muito espírito de sacrifício, dedicação e empenhamento, factores determinantes para se obterem os frutos desejados, e eles estão à vista de todos.

O ano de ouro dos Juniores “B” do Angústias Atlético Clube é o reflexo destes quatro anos de trabalho, durante os quais vários títulos foram alcançados, com relevo para o de campeão regional.

Passada esta fase e tendo em conta que a espinha dorsal da equipa está formada, em primeiro lugar é necessário que ela não seja desfeita. Em segundo lugar e numa projecção futura da mesma, é importante tirar ilações do trabalho já desenvolvido, ao qual deve ser dado o seguimento ideal para alcançar outros voos que estes jovens pretendem.

No entanto, é importante não esquecer os ensinamentos adquiridos, desde a formação humana passando pela técnica, pois o trabalho de base é o primeiro passo da carreira de um futebolista.

FERNANDO SANTOS”

Fonte: Brochura “Angústias Atlético Clube JUNIORES “B” - Campeão Açoriano de Futebol - 1992-1993, capa; pp. 12; 29.

“Magazine Desportivo” do Jornal “O Telégrafo”, edição de 09 de Março de 1993, p. 3

Futebol: Equipa de Juniores “A” do AAC - Época de 1994/1995.

Atrás, da esquerda para a direita: António Silveira, Director; Rui Ferreira, Treinador-Adjunto; Ricardo, Fábio Ávila, Guarda-Redes; Marco Rocha, Pedro Silva, César Lizuarte, Sandro Silva, Vítor Vargas, Filipe Goulart, Manuel Silveira, Eduardo, Massagista; e Carlos Lobão, Treinador.

À frente, pela mesma ordem: Rui Goulart, Mário Garcia, Luís Medeiros, Nelson Silva, Carlos Ferreira, Manuel Serafim, Raúl Silveira, Emanuel Silva, Marco António, Henrique Silva e Marco Silva

“Éramos miúdos e tivemos muita sorte em ter como treinador o Sr. Carlos Lobão, que foi o nosso pai no Futebol. Eu e os meus colegas não faltávamos aos treinos. Estávamos sempre ali para o Clube, embora, diga-se de passagem, não houvesse as distracções de hoje, designadamente os telemóveis e os computadores. Ele conseguia juntar-nos e ensinou-nos tudo como jogadores e como pessoas. Temos muito a agradecer-lhe. Foi o meu treinador durante mais tempo (quatro anos) e também o mais marcante, além de que fizemos 52 jogos sem perder. Como pessoa e como treinador era muito exigente, mas queríamos jogar e aprendemos muito! Naquele tempo, os treinadores faziam a diferença! Agora não. Aliás, hoje em dia quando os jogadores não estão satisfeitos fazem de tudo para o treinador se ir embora.

Como treinadores, recordo, ainda, Mário Jorge, Francisco Correia, Mário Serpa, Paulo Silva, Jorge Amaro, Edmundo Ramos e Luís Rosa”.

Futebol: Equipa Sénior do AAC - Época de 1995/1996

Em 2014, após um longo interregno, o Atlético voltava a ter plantel Sénior

Fonte: Jornal “Incentivo”, edição de 12 de Setembro de 2014, p. 4

Nove anos de trabalho à frente do Clube

A intervenção cirúrgica ocorrida em 2004 contribuiu, decisivamente, para que Luís Medeiros passasse à condição de Veterano no ano de 2008. Em 2013, formou, conjuntamente com outros Veteranos, uma Comissão para gerir o Clube, evitando, assim, que a colectividade fechasse portas, e, em Março de 2014 iniciou o seu primeiro mandato como Presidente da Direcção do Angústias Atlético Clube. “Esta Comissão não correu da melhor forma, o que me levou a concorrer às eleições no ano seguinte. Sem experiência mas com muita vontade, achei que tinha capacidade para desempenhar o cargo de Presidente, pois como estava a gostar do projecto poderia dar mais de mim ao Clube”.

A lista de Luís Medeiros venceu as eleições e dois anos depois recandidatou-se. Mesmo com algumas mudanças, a equipa tem-se mantido ao longo do tempo e no passado mês de Março completou nove anos de trabalho consecutivo à frente dos destinos do Atlético. 

Instado a revelar a motivação para tanta dedicação, o nosso entrevistado refere: “Fui ficando porque quis, por gosto e por ter tempo para dedicar-me ao Clube. Considerando que nos últimos três mandatos sempre houve lista única na corrida às eleições, entendi que não era justo falhar com aqueles que tinham contado comigo para defender os interesses do Clube. Embora acuse cansaço, não vou desapontar quem tem confiado em mim e na minha equipa”.

Ainda assim, o Presidente dos “alvi-negros” confessa que há dois anos, aquando do último acto eleitoral, não estava preparado para organizar o centenário do Clube, assinalado em Janeiro deste ano. E explica a razão: “Não queria estar à frente do Atlético nesta altura por falta de experiência na organização deste tipo de efeméride, mas, felizmente, correu muito bem. Posso dizer, que não estou arrependido de ser o Presidente no activo por altura destas comemorações. Aliás, ainda bem que sou eu, pois sinto orgulho de o meu nome ficar ligado ao centenário do AAC”.

E foi precisamente o centenário do Clube que fez Luís Medeiros e a sua equipa ficarem mais um ano em exercício, deliberação que foi tomada em Assembleia-Geral. Como tal, o acto eleitoral que deveria ter acontecido este mês de Maio ficou adiado para 2024, fazendo com que, excepcionalmente, este mandato seja de três anos em vez dos habituais dois.

O actual Presidente espera que “haja um sucessor natural”. No entanto, garante que não vai baixar os braços nem ser o responsável pelo encerramento desta colectividade centenária. “Gosto do Clube e tenho muito respeito pelo mesmo. Por isso, se nas próximas eleições surgir uma lista disposta a trabalhar em prol desta “casa”, vou descansar. Caso contrário, irei ponderar se poderei dedicar mais tempo ao Atlético nestas funções”.

Assembleia da República aprova Voto de saudação pela celebração do Centenário do Atlético

O Angústias Atlético Clube foi fundado em 1923, na cidade da Horta, nos Açores, pelo que celebra 100 anos de existência.

Teve origem da vontade popular, na freguesia das Angústias, após a visita à ilha do Faial do Casa Pia Atlético Clube, tendo como sócios fundadores Jaime Maria Soares de Melo, Manuel Inácio Cardoso, João da Cruz Cristiano, João Tavares, José Francisco da Câmara, José Avelar da Costa Nunes, João Caetano da Rocha, Francisco Rodrigues de Sousa, Guilherme Medeiros da Rosa e Adolfo da Rosa Wenceslau.

Com um percurso ímpar na dinamização e afirmação da identidade das comunidades locais nas dimensões cultural, recreativa e filantrópica, foi na actividade desportiva que mais se destacou, sobretudo no Futebol, mas também em modalidades como o Basquetebol, Voleibol, Hóquei em Patins, Andebol, Natação, Vela, Ciclismo e Ténis de Mesa.

Detentor do estatuto de Instituição de Utilidade Publica desde 1925, foi fundador da Associação de Futebol da Horta e da Associação de Desportos da Horta, privilegiando a integração social e a formação de jovens tendo como referência, o Alvinegro, Joaquim Teixeira, conhecido por “Semilhas”, que integrou a selecção nacional de Futebol e cuja memória está imortalizada junto à sede social.

Assim, a Assembleia da República exalta os 100 anos da fundação do Angústias Atlético Clube, destacando os seus Dirigentes, Sócios, Atletas e todos os que de alguma forma deram o seu contributo, no longo percurso, desta instituição, para o movimento associativo do concelho da Horta, dos Açores e de Portugal.

Palácio de São Bento, 17 de Janeiro de 2023

As Deputadas e os Deputados

“O Atlético tem sido prejudicado pela falta do sintético”

Futebol: Equipa Sénior do AAC.

Atrás, da esquerda para a direita: Luís Rosa, Guarda-Redes, Paulo Silva, Luís Medeiros, Jorge Rosa, Sílvio Furtado e Rui Pinheiro.

À frente, pela mesma ordem: Neves, José Fernando Bagaço, Júlio Silva, Homero Catarina e David Bulcão

Apesar da satisfação manifestada pela boa realização do programa evocativo do centenário, a verdadeira prenda de aniversário teria sido a concretização do sintético, há muito ambicionado. Em dia de festa, a Associação de Futebol da Horta (AFH) e a edilidade faialense comprometeram-se a contribuir, em montantes distintos, este almejado desiderato do Clube das Angústias. Contudo, Luís Medeiros afiança que “sem o aval do Governo Regional, o Atlético não dispõe de capacidade financeira que lhe permita garantir o restante em falta”. Estando em causa uma empreitada que ronda os 260 mil euros, a parte relativa ao Clube representa qualquer coisa como 130 mil euros, o que poderá vir a ter um “empurrão” dos amigos na diáspora.

Para que esse apoio governamental possa ser uma realidade, o Angústias Atlético Clube submeteu, novamente em Janeiro deste ano, uma candidatura à Direcção Regional do Desporto (DRD). “Aguardamos que haja disponibilidade financeira, o que nunca aconteceu ao longo destes nove anos de presidência”, afirma Luís Medeiros, assumindo que já está “a perder a esperança”.

De realçar que “esta necessidade premente” vem sendo sentida desde há cerca de 20 anos, tendo mesmo havido, em tempos, um projecto que visava um único campo, com sintético, para o Atlético e o Sporting. Uma solução que lembra o passado, se tivermos em conta que o Clube da Rua Filipe de Carvalho sempre foi o único da cidade que não dispunha de recinto próprio, e, que, por isso, usava os dos outros dois Clubes (Sporting e Fayal).

Futebol: Equipa Sénior do AAC - Época de 2000/2001.

Atrás da esquerda para a direita: Leonardo Vargas, Roupeiro; Johnny Ribeiro, Director; José António, Pedro Silva, Fábio Ávila, Guarda-Redes; Filipe Garcia, Homero Catarina, Henrique Silva, Luís Medeiros, Renato Fraga, Mário Garcia e João Ribeiro, Treinador.

À frente, pela mesma ordem: Armando Oliveira, Director; José Fernando Bagaço, Rúben Lobão, Sílvio Furtado, Hélio Salgado, Nuno Neves, Manuel Silveira e Sandro Salgado 

“(…) tem havido falta de vontade política, (…)”

Atendendo a esta (longa) janela temporal, o Presidente do AAC realça: “Nós também merecemos ter um campo com sintético e a falta do mesmo está bem patente na ausência de bons resultados. Esta lacuna tem prejudicado muito o Clube de uma maneira geral, mas de forma mais incisiva a Formação. É por causa disso que não temos mais escalões de Formação. Em 2016, conseguimos reabrir os Iniciados, mas perdemos todos os jogos. Ainda assim, não houve quem desistisse. No ano seguinte, tivemos a sorte de o Fayal Sport não ter formado equipa e mesmo sem sintético conseguimos ganhar um Campeonato local e alcançar uma excelente participação no Regional. Mas isto são vitórias pontuais, pois, a verdade é que o Atlético não se torna apelativo e como os treinos decorrem no sintético da Escola Secundária os atletas perdem bastante a ligação ao Clube. Desde 2016, que apenas conseguimos formar um ou dois escalões em cada temporada, o que me leva a temer pelo futuro do Futebol no Clube. E esta incerteza estende-se, também, aos Seniores. Quem é que em pleno século XXI se sente atraído a jogar num campo de terra?

Luís Medeiros: “Quem tem responsabilidades governativas na área do Desporto está a esquecer-se da história do Atlético e não podemos admitir isso”

É lamentável que após um extenso palmarés, conquistado ao longo de 100 anos de história e actividade, o Atlético não seja reconhecido por aquilo que representa para o Faial e para os Açores”, queixa-se este Dirigente, que, a propósito deste assunto, vai mais longe, salientando: “Entendo que tem havido falta de vontade política em atender a esta necessidade, já que em 2014, aquando da primeira candidatura, foi-nos dito que não havia disponibilidade financeira, mas houve para outros Clubes, designadamente na Terceira e em São Miguel, o que me deixa revoltado”.

Futebol: Equipa Sénior do AAC - Época de 2003/2004.

Atrás, da esquerda para a direita: Luís Medeiros, Luís Pereira, Dário Silva, José Valadão, Sílvio Furtado e Nelson Gomes, Guarda-Redes.

À frente, pela mesma ordem: Carlos Viveiros, Hélio Salgado, Paulo Costa, Saúl Vieira e Jaime Araújo

Declaração de Cedência Desportiva do campo pela “Portos dos Açores”

Relativamente aos terrenos onde se encontra localizado o campo, os mesmos são propriedade da “Portos dos Açores”, de quem o AAC obteve uma Declaração de Cedência Desportiva, válida pelo prazo de 25 anos. “Foi graças ao actual Presidente desta empresa [Rui Terra], com quem partilhei muitos momentos na minha juventude, que chegámos a este entendimento, pelo que lhe fico muito grato”, frisa Luís Medeiros, notando: “Se o campo fosse Municipal ou da Junta de Freguesia, há muito que tínhamos o sintético. O sintético é o sonho do Presidente!”

Equipa Sénior do AAC, Campeã da AFH na Época de 2001/2002.

Atrás da esquerda para a direita: Paulo Silva, Treinador; Jorge Amaro, Treinador; Pedro Silva, Sandro Silva, Bruno Jordão, Sérgio, Hélio Salgado, Júlio Pires, José António, Yuri, Niño, Nelson Gomes, Guarda-Redes; Luís Soares, Massagista; e Roger Vargas, Director.

À frente, pela mesma ordem: Fernando Silveira, Luís Medeiros, Rúben Fortes, Dário Silva, Abílio Oliveira, Nelson Silva, Carlos Viveiros e António Dutra

“Os pais acompanham os filhos no Atlético”

Carnaval de 2021

Questionado sobre o acompanhamento que é dado pelos pais dos atletas, este Dirigente congratula-se com esse aspecto, enaltecendo o facto de assegurarem o transporte dos miúdos para os treinos, assim como para os jogos e ainda apoiarem a realização de eventos. “O Clube já teve uma carrinha e sabemos que é que deveria assumir os transportes, mas, naturalmente que isso representaria um encargo difícil de satisfazer, além de que seria sinónimo de algum afastamento dos pais. Esta é uma forma de os pais verem e viverem o Clube. Assistem aos treinos, não opinam tanto e criticam menos os treinadores. Temos tido sorte nesta vertente de trabalhar a Formação.  

Não escondo que gostava que os actuais Petizes e Benjamins fossem o futuro do Atlético. É muito frustrante formar miúdos que depois vão dar o seu melhor a outros Clubes”.

Futebol: Equipa de Iniciados do AAC - Temporada de 2015/2016

Futebol: Equipa de Iniciados do AAC, vencedora da Taça AFH e Campeã da AFH em 2016/2017

Futebol: Equipa de Traquinas do AAC - Temporada de 2020/2021

 “(…) as pessoas olhem para o Clube e não para quem está à frente do mesmo”

A receita deste Clube provém da quotização dos Sócios, da exploração do Bar (com funcionária a tempo inteiro desde 2013) e do aluguer do Restaurante, a qual “não cobre as despesas correntes”. “Se tivéssemos uma boa frequência no Bar, os lucros poderiam ser outros, mas a realidade é que as pessoas da freguesia estão envelhecidas, o que é sinónimo de ficarem em casa, e os mais novos têm outros atractivos. Actualmente, contamos com cerca de 250 Sócios pagantes, mas este número já foi muito superior.

Seria muito bom podermos contar com mais Sócios, Amigos e Simpatizantes no Clube, mas sei que muita gente não percebe que as pessoas passam e as instituições permanecem. Quero com isto dizer que, quem gosta verdadeiramente do Atlético não deve afastar-se por não apreciar o presidente. O que tem de ficar para a história é o esforço de cada um para manter o AAC.

Nunca deixei de jogar no Atlético por causa de não gostar do presidente. E não gostava de alguns! E, se é verdade, que alinhei uns meses pela Feteira não o fiz por causa de quem dirigia o Clube, mas por não concordar com os princípios que nortearam a entrada do Atlético na Série Açores. E regressei pelo Clube e não por causa deste ou daquele. Portanto, a mensagem que gostaria de deixar é que as pessoas olhem para o Clube e não para quem está à frente do mesmo. Se não faço mais e melhor é porque não consigo, mas, também, porque às vezes não deixam.

Com o intuito de revitalizarmos as tradições da freguesia e após o confinamento imposto pela pandemia, este ano organizámos bailes de Carnaval, incluindo o famoso “Assalto da Linguiça”, mas a realidade demonstrou que já não há o interesse de outrora”. 

A fotografia documenta os vários Presidentes do Atlético ao longo de 100 anos de trajectória

“(…) ainda bem que continua a haver “tolos” que gostam do Clube (…)”

Se os escalões formativos têm vindo a diminuir no Atlético, o panorama também é bastante desolador no que concerne aos Seniores, como relata o Presidente: “Tem sido difícil haver formação sénior. Costumo dizer que ainda bem que continua a haver “tolos” que gostam do Clube e não se importam de jogar nestas condições. Tenho tido essa sorte enquanto Presidente, mas a idade vai chegando e o facto de não termos resultados satisfatórios é desmotivante para quem dá o seu melhor em campo. Porém, a verdade é que não temos capacidade para captar jogadores valorosos, uma vez que, além de não de dispormos de um sintético, também não pagamos a quem quer que seja. Apenas os treinadores recebem uma gratificação. Tudo isto faz com que o Atlético não consiga formar uma equipa para disputar títulos. Quem enverga a camisola “alvi-negra” sabe, de antemão, que não pode igualar a outros Clubes nem lutar por um título. É por isso que jogamos com gente da “casa”, com aqueles que começaram cá, que um dia saíram e mais tarde retornaram. Os que são de fora escolheram o Atlético por simpatia ou empatia.

Também há aqueles jogadores que, apesar de não saberem o que é o Atlético e a sua história, identificam-se com o Clube e gostam dele e de estar nesta “família”.

Esta persistência, apesar da falta de condições, é mesmo só para manter vivo o nome do Angústias Atlético Clube, pois, se as pessoas se cansarem acaba tudo e a verdade é que o Atlético faz falta ao Desporto, ao Faial e aos Açores. Se não houver Clubes, não há nada em termos desportivos. E é preciso termos em conta que este é o único Clube da freguesia. Foi daqui que saiu o primeiro jogador para uma equipa a nível nacional: o famoso Semilhas!

O AAC é um dos Clubes com maior palmarés a nível regional no que toca a Seniores. Quem tem responsabilidades governativas na área do Desporto está a esquecer-se da história do Atlético e não podemos admitir isso. Este Clube merece ser mais acarinhado por parte de quem tem o poder decisório”.

Futebol: Equipa Sénior do AAC - Temporada de 2014/2015

Futebol: Equipa Sénior do AAC - Época de 2015/2016.

Atrás, da esquerda para a direita: Nelson Gomes, Guarda-Redes; Luís Medeiros, Sérgio Alvernaz, Fernando Pacheco, Hugo Gomes e Nelson Bettencourt.

À frente, pela mesma ordem: Dércio Torres, Ricardo Silva, Hugo Silva, Bruno Rosa e Gonçalo Rodrigues

Futebol: Equipa Sénior do ACC - Época de 2016/2017.

Atrás, da esquerda para a direita: Sérgio Alvernaz, Luís Medeiros, Fábio Fernandes, Tiago Silva, Bruno Rosa e Bruno Goulart.

À frente, pela mesma ordem: Frederico Leão, Rui Remédios, Hugo Silva, Hugo Gomes e Gonçalo Rodrigues

“Tínhamos gosto em jogar, mesmo que fosse debaixo de chuva”

Luís Medeiros não é daqueles que acha que há falta de miúdos. Para ele, o verdadeiro problema está no facto de eles terem descoberto que “o Futebol é um desporto de rua, que é praticado de Inverno. E isso afasta-os um bocadinho, paralelamente ao facto de haver outras atracções. Os pais também contribuem negativamente ao afastá-los para evitar que fiquem doentes ou, como acontece com muita frequência, dizerem que o castigo por se terem portado mal na Escola é faltar ao treino. Há umas décadas não havia estas realidades. Tínhamos gosto em jogar, mesmo que fosse debaixo de chuva. E era em campos de terra! Concordo plenamente que o sintético veio permitir a evolução da modalidade, mas, também, contribuiu muito para “matá-la”.

Sou do tempo em que havia seis equipas de Juvenis no Faial: Atlético, Fayal Cedros, Salão, Castelo Branco e Flamengos. Gostávamos de jogar, embora não houvesse tantas distracções como agora. Nesse tempo, os campos estavam sempre cheios! Havia sempre gente a ver encontros de Juniores e de Juvenis e quando os jogos de Seniores eram no Fayal Sport íamos para a relva, pois o recinto estava completamente lotado.

Sei que o “amor à camisola” jamais vai voltar. Muitos ficam chateados quando se fala no passado, mas nessa altura vivia-se o Futebol. Agora não! A maior parte dos jogadores nem conhece a história do seu Clube. Era grande a rivalidade sempre que se defrontavam Fayal e Sporting. É claro que isso ainda existe, mas tornou-se uma rivalidade mais saudável. Antes, era levada ao extremo”.  

Super-Taça “Dr. Faria de Castro” - Entrega dos Troféu da Época de 2020/2021: Jogador Revelação e Totalista, Diogo Escobar; Melhor Guarda-Redes da Temporada, prémio atribuído pela Rádio Antena 9, Rui Puim; e uma renovação, Troféu ‘Fairplay’, melhor disciplina do Campeonato

Troféu “Equipa ‘Fairplay’” com que o Angústias Atlético Clube foi distinguido na IX Edição da Super-Taça “Dr. Manuel Faria de Castro”, Temporada de 2018/2019

Presidente e Jogador ao mesmo tempo

Luís Medeiros foi Jogador e Presidente do Atlético, em simultâneo, ao longo de quatro anos, o que “não trouxe dificuldades”. “A minha maior preocupação eram os jogos em “casa”, pelo facto de ter de gerir o Bar e a Bilheteira”, recorda este Dirigente, que destaca: “Foram os melhores anos! Estava à frente do meu Clube e ainda conseguia jogar. Inicialmente, pensei que os meus colegas de equipa iam ficar retraídos, mas isso não aconteceu, também porque lhes disse, desde a primeira hora, que no balneário era igual a eles, não se colocando a questão de ser Presidente. E, assim, consegui conciliar tudo sem nunca ter tido problemas com quem quer que seja. A equipa técnica é que me convidou para voltar a dar o meu contributo, o que me permitiu fazer o que gostava, que sempre foi jogar.

Fiz muitas amizades a jogar Futebol e ainda mantenho algumas. Foi um tempo muito bom! Era menos cansativo ser Jogador do que ser Presidente. Sinto que é mais fácil ser Presidente depois de ter sido Jogador. Enquanto Jogador, não tinha de inteirar-me tanto da vida do Clube como agora acontece. É muito mais calmo ser Jogador.

Uma das pessoas que me ensinou e aconselhou muito nesta missão foi o Sr. Fernando Fraga, que desempenhou o cargo de Presidente da Assembleia-Geral no meu primeiro mandato. Não esqueço o que ele fez.

Fernando Fraga, ajudou e aconselhou Luís Medeiros enquanto Presidente do Atlético

O Hino do Atlético é da autoria de Ana Adelina B. da Costa Nunes

Naturalmente que também tenho muito a agradecer à minha família – mulher e filho – que me dão muita força. O meu filho representou o Atlético no Voleibol e no Basquetebol. Considero que é deveras salutar o Clube poder contar com outras modalidades para além do Futebol, aspecto que foi muito grandioso no passado, mas, que, actualmente não é viável. Ainda assim, o Atlético conseguiu ser Campeão Regional de Voleibol em Seniores Masculinos, e, durante dois anos, tivemos Andebol, com gente ligada ao Sporting, tendo, por isso, a nossa equipa de Seniores se sagrado Campeã Regional. Foi muito bom, mas bastante difícil manter no activo tudo isto e ainda os escalões de Formação, pelo que não será fácil repetir estas experiências”.

Equipa Sénior de Voleibol, Campeã Regional na Temporada de 2017/2018

Andebol - Os Seniores do Atlético sagraram-se Campeões Regionais na Época de 2020/2021

“O Atlético é a minha segunda casa”

Depois de um percurso como Jogador, Luís Medeiros ainda mantém presença nos relvados, desde há alguns anos na turma dos Veteranos. “Como Veterano, tem mais sabor, atendendo a que a responsabilidade é diferente, além de que continuo a jogar com muitos colegas do passado, o que é bastante motivante. Quando esta fase acabar, hei-de continuar ligado ao Atlético como Sócio e este será sempre o meu Clube até morrer. Não vou deixar de gostar desta “casa” nem de participar na vida activa da mesma.

Futebol: Equipa de Veteranos do AAC, no ano de 2011.

Atrás, da esquerda para a direita: Horácio Goulart, Ismael Oliveira, Sandro Silva, Hélio, Hélio Salgado, Rui Goulart, Natalino Bettencourt, Rui Pinheiro, Carlos Medeiros, Carlos Fontes, Pedro Silva e Francisco Rosa, Guarda-Redes.

À frente, pela mesma ordem: Manuel Silveira, Dejalme Vargas, Carlos Ferreira, Mário Garcia, Vítor Soares, Paulo Pires, Luís Medeiros, Manuel Serpa e Marco Aurélio

Fotografias cedidas por: Luís Medeiros e ‘Facebook’ do AAC

É verdade que perco muito do meu tempo livre para dedicar-me ao Atlético, mas é o amor ao Clube que fala mais alto. Dei sempre o meu melhor a esta colectividade. Não me arrependo nada de tudo o que dei, pois, o Atlético é a minha segunda casa. Foram mais os momentos bons vividos aqui do que os maus”.

“[a Certificação] tem sido uma mais-valia para o Clube”

A propósito do Processo de Certificação de Entidades Formadoras da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o Presidente do Atlético admite que no início se viu “um bocadinho grego”, mas “agora é pacífico”. E prossegue: “Mesmo tendo apenas dois escalões, como é o nosso caso, dá sempre trabalho.

A Sub-Comissão de Certificação da AFH visitou o Angústias Atlético Clube no passado mês de Março.

Da esquerda para a direita: Maria José Medeiros, Luís Paulo Pacheco Furtado, Luís Medeiros (Presidente do AAC) e Mário Pereira

Fotografia: ‘Facebook’ da AFH

A Sub-Comissão da Associação de Futebol da Horta que acompanha o Processo de Certificação dá uma grande ajuda e as visitas técnicas que efectua a cada um dos Clubes são muito importantes no sentido de esclarecer dúvidas e dar orientações.

Atendendo à realidade do nosso meio, este é um Processo com demasiadas exigências. Contudo, o mesmo revela-se importante para aqueles Clubes que pretendem evoluir e atingir as três estrelas a fim de ingressarem na Série Açores.

O melhoramento do Posto Médico e o acompanhamento dos atletas, são factores positivos a registar. Mas, olhando para o Atlético, não há dimensão para termos um médico dedicado ao Clube. Não temos capacidade para tal nem se justifica. Daí, eu referir que são demasiados parâmetros para cumprir. Ainda assim, este Processo veio permitir aperfeiçoarmos alguns aspectos, e isso é muito bom.

Sei que o Processo de Certificação não vai melhorar o Futebol no Atlético, não vai trazer mais atletas, não vai dar futuro e muito menos o sintético, mas considero-o construtivo. Se fosse para ir à base havia muita coisa a corrigir, começando pelo aumento do número de praticantes e a consciência de uma maior responsabilidade. Mas fazemos o que podemos com aquilo que temos.

No âmbito da Certificação, o Angústias Atlético Clube tem vindo a ser reconhecido como Centro Básico de Formação, mas mesmo sendo o nível mais baixo representa o reconhecimento de que estamos a fazer bem. Inicialmente, não estava inclinado a aderir a este Processo, mas fui aconselhado pela Associação a ponderar e reconheço que tem sido uma mais-valia para o Clube”.

De recordar que o Processo de Certificação da Federação Portuguesa de Futebol arrancou em Janeiro de 2015, tendo sido a Época de 2021/2022 o sexto ano que esteve em vigor no País, contemplando as modalidades de Futebol e Futsal. No âmbito deste programa, são atribuídos prémios a Centros Básicos de Formação de Futebol e Futsal, Escolas de Futebol e Futsal de uma ou duas Estrelas e Entidades Formadoras de três, quatro e cinco Estrelas.

“A Associação faz muito”

Relativamente ao papel da AFH, o Presidente do Atlético diz não ter “nada a apontar”, acentuando que “a Associação faz muito. E é por dar muito que ajudou a que o Futebol chegasse até aqui. Se este organismo não tivesse uma acção tão palpável, alguns Clubes não conseguiriam ter 40 miúdos num escalão”.

Luís Medeiros afirma que o Presidente da Direcção [Eduardo Pereira] está “sempre acessível para tudo o que é necessário acertar” e que “tem insistido bastante para que o Atlético tenha o seu sintético”. “Enquanto Presidente do AAC, tenho uma boa relação com a Associação de Futebol da Horta, incluindo com o Gabinete Técnico”, garante, assinalando o facto de ter jogado Futebol contra o Vice-Presidente da AFH (Luís Paulo Pacheco).

“A Gala faz sentido e deve continuar”

Para este Dirigente, a Gala AFHorta, que teve a sua primeira edição em Novembro de 2019, na ilha do Pico, “faz sentido e deve continuar”. A II Gala decorreu em Outubro de 2020, no Faial, e a terceira, que Luís Medeiros diz ter adorado, teve como palco a ilha das Flores, em Novembro de 2021. O périplo pelas quatro ilhas de abrangência da Associação de Futebol da Horta terminou no Corvo, em Novembro de 2022.

“O reconhecimento público que é feito aos diferentes Agentes Desportivos, quer sejam Jogadores, Treinadores, Árbitros, Dirigentes, Massagistas ou outros, assim como os miminhos que a AFH atribui só têm cabimento num evento desta natureza, pelo que o mesmo foi uma boa ideia, e, como tal, deve continuar”, defende o Presidente da Direcção do Atlético, concordando que “têm de ser estabelecidos critérios”. “Nem todos se encaixam nos parâmetros definidos e quem não percebe isso é porque não quer”, frisa, elogiando o facto de todas as ilhas terem sido contempladas com a Gala.

Na I Gala AFHorta - 89º Aniversário, o AAC foi distinguido na Categoria “Fairplay - Respeito” (destinada a premiar as equipas mais disciplinadas de todos os Campeonatos organizados pela AFH), tendo recebido o Troféu relativo à “Melhor Equipa ‘Fairplay’ - Futebol Masculino” no escalão de Seniores.

Em 2019, o galardão “Melhor Equipa ‘Fairplay’ - Futebol Masculino - Seniores” foi entregue a Luís Medeiros pelo Presidente do Conselho de Disciplina da AFH, Marco Matoso

Fotografias: José Feliciano

Em 2021, aquando da III Gala AFHorta - 91º Aniversário, o Clube das Angústias foi galardoado na Categoria de “Certificação de Entidades Formadoras” como “Centro Básico de Formação de Futebol”. 

Nas Flores, o Presidente da Direcção do Atlético recebeu o Diploma das mãos do Director da FPF Responsável pela Certificação, Júlio Vieira, tendo o Troféu sido entregue por Maria José Medeiros, da Sub-Comissão de Certificação da AFH

Nesta III Gala, o AAC foi, ainda, premiado na Categoria “Fairplay - Respeito: Melhor Equipa ‘Fairplay’ - Futebol Masculino - Seniores”.

O Troféu foi entregue a Luís Medeiros pelo Presidente do Conselho de Disciplina da AFH, Marco Matoso

No ano de 2022, por ocasião da IV Gala AFHorta - 92º Aniversário, realizada no Corvo, na Categoria de “Certificação de Entidades Formadoras”, o Angústias Atlético Clube foi distinguido como “Centro Básico de Formação de Futebol”, tendo, igualmente, sido galardoado na Categoria de “Fairplay - Respeito: Melhor Equipa ‘Fairplay’ - Futebol Masculino - Infantis”. 

Na Categoria de “Certificação de Entidades Formadoras”, o Angústias Atlético Clube foi galardoado com o Troféu “Centro Básico de Formação de Futebol”, entregue pelo Director Técnico da AFH, Mário Pereira, à Directora do Atlético, Cecília Medeiros

O AAC também foi distinguido na Categoria de “Fairplay - Respeito”, com o galardão “Melhor Equipa ‘Fairplay’ - Futebol Masculino - Infantis”, que foi entregue à Directora Cecília Medeiros pelo Secretário da Assembleia-Geral da AFH, Hernâni Furtado

Fotografias: ‘Facebook’ da AFH