Independentemente dos resultados – que são sempre importantes – os treinadores das três equipas que estiveram na luta pelo título de Campeão da Associação de Futebol da Horta (AFH) de Juniores B (Juvenis) em Futsal Masculino, Época 2020-2021, disputado de 19 a 21 do corrente, na ilha das Flores, são unânimes em ressaltar o convívio e o ‘fairplay’ que caracterizaram estes dias de competição.
Nesta organização da AFH estiveram frente a frente os campeões do Pico, das Flores e do Corvo. Tal como já foi divulgado, o Grupo Desportivo “Os Minhocas”, da ilha das Flores, foi o Campeão com direito a Taça, mas tanto o Clube Desportivo de São João (CDSJ) do Pico como o Clube Desportivo Escolar do Corvo (CDEC) foram adversários que deram luta. O Clube vencedor conquistou o direito de representar a AFH no Campeonato Regional Inter-Clubes de Juniores B em Futsal Masculino.
O Departamento de Comunicação e Marketing da Associação de Futebol da Horta conversou com os treinadores das três equipas, os quais partilham as suas impressões sobre esta “tão desejada prova”, que por ter sido realizada em tempo pandémico (ainda que nos Açores apenas haja casos de Covid-19 em São Miguel) trouxe cuidados acrescidos mas um sabor “muito especial”, depois de uma paragem forçada.
Tiago Fernandes, Treinador do Grupo Desportivo “Os Minhocas” das Flores:
“A motivação dos atletas aumentou quando souberam que ia haver Apuramento”

“O balanço é positivo, tendo sido evidente o respeito por todos. A nossa equipa de Juvenis ao longo de toda a temporada é composta por 5/6 jovens pelo que tivemos de recorrer a alguns Iniciados para formar o plantel. O tempo de treino, em conjunto com todos eles, foi de apenas duas semanas mas eu sabia que era possível pois qualidade eles têm. Há cerca de 3 anos que os acompanho, pelo que conheço o valor deles.
Considero que cumprimos o nosso objectivo, que era ganhar. As outras equipas são boas. Desde há algum tempo que vínhamos acompanhando, através do visionamento de vídeos, o trabalho do Clube Desportivo de São João do Pico. Já em relação à equipa do Corvo não conhecíamos tão bem a sua ‘performance’. Contudo, o nosso maior receio era a formação picoense.
O facto de não ter havido actividade nos moldes que era habitual fez com que os jogadores tenham ficado desiludidos. Por isso, quando este ano souberam que ia haver Apuramento a motivação aumentou. O nosso maior problema é a falta de competição. Alguns deles também jogam Voleibol mas o foco é o Futsal. Noto que os poucos que temos são muito empenhados no Futsal.
Naturalmente que a pandemia afectou-nos muito e fazê-los perceber o contexto que vivemos foi um pouco difícil. No meu plantel são tudo rapazes. Há umas épocas tivemos uma menina, que, entretanto, se mudou para a ilha onde nasceu. Tal como já referi, o que mais nos faz falta é competir, pelo que provas como esta que tivemos este fim-de-semana nas Flores são um grande estímulo para crescermos. Venham mais!”
Isaac Goulart, Treinador do Clube Desportivo de São João do Pico:
“A pressão afectou o nosso desempenho, mas é sempre bom ver o espírito de ‘fairplay’”

“O desempenho desportivo da equipa não foi nada bom! As nossas expectativas eram bem mais altas na luta pelo título até mesmo de acordo com aqueles que tinham sido os últimos resultados obtidos no Pico. A pressão afectou e os atletas não conseguiram pôr em campo aquilo que costumam fazer. Este é o terceiro ano que os acompanho e posso garantir que este desempenho não ficou a dever-se à falta de treino, o que até aconteceu nas férias lectivas, mas, sim, a questões psicológicas.
A equipa conta com 12 atletas, embora um se encontre lesionado e outro não esteja em forma. Temos um elemento feminino no plantel, que, tal como outros colegas, é também uma peça fundamental.
Claro que os resultados os deixaram um bocadinho desiludidos, pois gostam muito de ganhar e percebem que são capazes de fazer melhor, mas é sempre bom ver o espírito de ‘fairplay’ entre todos, até, porque, alguns são colegas de Selecção. Qualquer uma das equipas demonstrou grande respeito em campo.
Quanto ao vencedor, o Minhocas tem uma bela geração e então quando os Juvenis contam com os Iniciados, um escalão muito forte, o resultado só pode ser este.
Costumo dizer que o melhor que eles levam disto é a diversão, embora saiba que os resultados também contam e trabalhamos para isso. O convívio no fim dos jogos é sempre salutar e algo que eles apreciam muito. Sempre que for possível termos essa componente, é muito bem-vinda!”
João Estêvão, Treinador do Grupo Desportivo Escolar do Corvo:
“Este é um momento pelo qual os atletas anseiam”

“O desempenho da equipa do Corvo foi excelente e a participação foi positiva. Em relação à Organização, não há nada a apontar. Temos uma equipa com 6 rapazes e 3 raparigas. Trazemos toda a gente que temos e tenho de sublinhar que o sector feminino é um bom acréscimo. Lutamos com algumas dificuldades não só em termos do número de atletas, que na própria equipa deviam ser pelo menos 10, como também no que toca a instalações. Quando chove, o Pavilhão do Corvo fica impraticável com piso escorregadio além de que a humidade influi na iluminação. Se houvesse ventilação ajudava nesta questão.
Para a evolução dos nossos atletas é bastante crítico não haver competição, o que é agravado pelo nosso isolamento e por sermos poucos na ilha. Como já referi, o facto de a equipa só ter 9 jogadores complica bastante. Seria indispensável contar pelo menos com 10. Se falta alguém temos de recorrer a outro escalão.
Apresentei-me como Treinador uma vez que a pandemia me impede, neste momento, de prosseguir estudos em Lisboa, onde me encontrava até há algum tempo, mas quem acompanha a equipa é o Lúcio Rocha e a Nádia Cabeceira.
Demos o nosso melhor e mesmo os treinadores do Pico ficaram bem impressionados com a nossa equipa no jogo de sábado (20), em que perdemos por 5-4. A formação dos Minhocas tem mais jogadores do que a do Corvo e isso ficou patente no confronto de domingo (21), em que o resultado foi de 6-2 favorável a eles. O facto de contarmos só 9 elementos e de termos jogado dois dias consecutivos (sábado e domingo) revelou-se bastante cansativo. O sorteio não nos permitiu descansar entre os jogos e tudo isso se reflectiu no final. No entanto, vale sempre a pena participar e tudo o que aconteceu faz parte do percurso dentro da Formação. Nos Seniores já se exige outra postura, mas neste caso concreto a mensagem que transmitimos aos jogadores é para que dêem o seu melhor que os resultados vêm por acréscimo. E apelamos sempre para que tenham ‘fairplay’, o que acontece.
Este tipo de prova funciona como um estímulo. É um momento pelo qual os atletas anseiam, pois treinaram para estes jogos. Trata-se de um ambiente diferente daquele a que estão habituados no dia-a-dia, o que se revela deveras importante. Percebo bem o que eles sentem, porque também fiz formação e competição no Corvo e a verdade é que não sentia grande motivação por falta de competição. O que eu fazia era tentar dar o máximo e aproveitar para evoluir nos apuramentos. O Futsal no Corvo é uma modalidade bastante forte e nesse sentido também vamos ter cá o Apuramento Sénior.
Seria fundamental aproveitar estes momentos competitivos para no fim termos um convívio com todos, o que contribui para o crescimento dos atletas permitindo a troca de experiências. Sei que no actual quadro é algo não aconselhável mas seria bom retomar logo que possível. Eles precisam de estar uns com os outros”.
Fotografias: cedidas pelos treinadores dos três Clubes
Cristina Silveira