Mesmo com teatro em cena, o Espírito Santo à porta e a ausência de alguns atletas e dirigentes desportivos relacionada com a participação em provas, o Salão do Grupo Desportivo “Os Minhocas” tinha uma boa moldura humana na Sessão de Apresentação do livro “CARAS” AFH, na ilha das Flores, decorrida na noite de sábado último, dia 22.

O Presidente da Direcção da Associação de Futebol da Horta (AFH), Eduardo Pereira, a quem coube a abertura da Sessão, revelou os projectos deste organsimo desportivo, relacionados com o resgate histórico da sua existência, sublinhando a importância que os mesmos têm “no presente, mas, também, para conhecermos melhor o passado e deixarmos um legado àqueles que serão responsáveis pelo futuro”. “É uma questão de justiça, de homenagem e de responsabilidade na vida de uma Associação que já completou 90 anos”, frisou.

Dentro do que está previsto, e seguindo a rotatividade implementada, também foi confirmada a realização da Gala AFHorta - 91º Aniversário na ilha das Flores já em Outubro deste ano. Recorde-se que a primeira Gala – um desiderato antigo deste líder – aconteceu em 2019 na ilha do Pico e a segunda em 2020 na ilha do Faial, em pleno período pandémico, o que implicou diversas restrições.


Da esquerda para a direita: Marco Melo, Coordenador do Serviço de Desporto das Flores; Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da AFH, que abriu a Sessão; José Carlos Mendes, Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, que presidiu e encerrou a Sessão; professor José Manuel Caldeira, Apresentador e Prefaciador da obra; e Cristina Silveira, co-Autora e Coordenadora do livro

 

Este Dirigente congratulou-se com o trabalho levado a cabo pelos três filiados da AFH nas Flores – Grupo Desportivo “Os Minhocas”, Boavista Sport Clube e Ponta Delgada Futebol Clube, todos do concelho de Santa Cruz – fazendo votos para que o Grupo Desportivo Fazendense, das Lajes, volte ao activo, sendo certo que a diminuição populacional que atinge as Flores (à semelhança do que se verifica nas restantes ilhas) dificulta este ensejo.

E a propósito de trabalho e valorização, Eduardo Pereira salientou o facto de o Grupo Desportivo “Os Minhocas” ter sido certificado no ano passado, o que aconteceu este ano em relação ao Boavista, estando o Ponta Delgada a preparar-se para consolidar passos neste processo de Certificação.

Eduardo Pereira agradeceu o apoio das duas autarquias florentinas assim como do Serviço de Desporto das Flores, dos Clubes filiados, do fadista que animou a Sessão: Armando Meireles; das pessoas que “amavelmente” colaboraram no registo fotográfico: Madalena Ribeiro e Solange Lima; da Presidente d’”Os Minhocas”, Dora Valadão, que por integrar o Grupo de Teatro “A Jangada” estava envolvida na peça levada à cena nessa noite e não pôde estar presente; de Valter Estácio, colaborador antigo da Associação nas Flores; e de Hernâni Furtado, membro da Assembleia-Geral da AFH, que foi o Responsável pela organização do Salão, incluindo a parte decorativa.


Armando Meireles, uma voz conhecida dentro e fora dos Açores, cantou e encantou os presentes

 

Embora a vertente de Armando Meireles incida mais no fado lírico, nesta noite brindou a assistência com dois temas populares do seu último CD: Chamateia e Das Flores uma voz. Este último relata a chegada de Armando Meireles (continental) à ilha das Flores, que adoptou como a sua casa, pelo facto de se ter rendido aos encantos daquela que viria a ser a sua companheira numa caminhada de mais de quatro décadas. No fundo, este tema constitui uma declaração de amor à esposa, Regina Meireles, e às duas filhas [Joana e Ana] nascidas desta duradoura e frutífera união.


“(…), vir à ilha das Flores apresentar o livro “CARAS” AFH serve também de pretexto para enaltecer o trabalho feito por muitos dirigentes em prol do desporto federativo (…)”

 

José Manuel Caldeira, Apresentador (e Prefaciador) da obra agora dada à estampa, destacou, na sua intervenção, que “vir à ilha das Flores apresentar o livro “CARAS” AFH serve também de pretexto para enaltecer o trabalho feito por muitos dirigentes em prol do desporto federativo nesta ilha e além disso significa para a Associação de Futebol da Horta o estar mais próximo dos seus associados”. “Esta é uma ilha que sente, de uma forma peculiar, o pulsar do desporto”, vincou o Apresentador, recordando que “já neste Século tivemos 2 ciclos marcantes: o primeiro vivido com grande intensidade aquando da participação na Série Açores de Futebol e o segundo, agora mais recente, com o futsal, que voltou a colocar as Flores na rota do desporto açoriano. O professor José Manuel Caldeira notou que “tudo isto acontece na ilha dos poetas Roberto Mesquita [decorrem as comemorações dos 150 anos do seu nascimento] e Pedro da Silveira, porque há homens e mulheres que se dedicam de alma e coração à causa do desporto”. E prosseguiu: “Um bom exemplo é Valter Estácio, figura bem conhecida pela sua grande dedicação ao desporto e com larga experiência nesta área e também como treinador. Lembre-se que em 2019 obteve o Prémio de Melhor Treinador de Futsal no Escalão de Infantis, recebido na Gala da Associação realizada na Madalena do Pico, o que revela bem a sua ligação à formação de jovens atletas”.


O Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores elogiou a atitude da AFH pela “descentralização e igualdade demonstrada na Apresentação deste livro”, percorrendo as quatro ilhas de abrangência da Associação: Corvo - 21 de Maio; Flores - 22; Faial - 28; e Pico - 29

 

“Se não fosse o Lucino Lima, não estaríamos hoje nesta “casa” a lançar este livro”

 

Na sua intervenção, o autarca de Santa Cruz das Flores, José Carlos Mendes, começou logo por evocar uma figura querida para o Grupo Desportivo “Os Minhocas” e para a ilha das Flores, que “muito trabalhou” para que esta agremiação desportiva conseguisse saldar o passivo acumulado e, consequentemente, manter as portas abertas. “Se não fosse o Lucino Lima, não estaríamos hoje nesta “casa” a lançar este livro”, frisou.

Logo a seguir, o edil florentino elogiou a Associação de Futebol da Horta pelo facto do lançamento deste livro estar a seguir um modelo de “descentralização e igualdade” em relação às suas quatro ilhas de jurisdição.

Falando do passado, recordou a sua ligação ao Desporto como atleta, dirigente, roupeiro e até mesmo contínuo. Nos tempos actuais, defende que “o Dirigismo tem de ser repensado”, alertando para o facto de este ser “um grave” dilema na mais Ocidental parcela açórica. “O maior problema que se vive nas Flores é a dificuldade em recrutar Dirigentes, a que está directamente ligada a diminuição da população”, notou. Por isso, entende que “o assunto merece ser debatido noutros fóruns”. E acrescenta: “As exigências e as imensas responsabilidades que são colocadas ao desporto amador representam demasiadas dificuldades. O processo tinha de ser mais fácil”.

Na opinião deste ex-atleta, “o Desporto é das actividades mais importantes da nossa sociedade”. E salientou: “É um garante de que os nossos filhos e netos se encontram em ambiente seguros, longe de dependências como o computador e outras. No Futebol, a área da Formação é vital no sentido de darmos ferramentas aos jovens para termos adultos saudáveis. É de realçar o bom trabalho que a Associação de Futebol da Horta tem feito nesta área”.


Emília Lima, viúva de Lucino Lima (a filha, Solange Lima, também esteve na Sessão, tendo, inclusivamente, colaborado no registo fotográfico); Valter Estácio, que há mais de 13 anos está ligado do Grupo Desportivo “Os Minhocas” em variadas funções; Cristina Silveira, co-Autora e Coordenadora do livro agora apresentado; e Hernâni Furtado, Dirigente da AFH nas Flores e Responsável pela organização e decoração do Salão

 

Fotografias de: Madalena Ribeiro e Solange Lima

 

Tal como o próprio nome indica, esta rubrica “CARAS” AFH tem como desiderato dar a conhecer aqueles que, ao longo do tempo, têm colaborado de forma directa e voluntária com a Associação de Futebol da Horta, tanto nos Órgãos Directivos como noutras funções relacionadas com a instituição que tutela o Futebol e o Futsal nas ilhas do Faial, Pico, Flores e Corvo. Porque todos têm rosto e porque todos, independentemente do cargo que têm, dão o seu (melhor) contributo para o funcionamento desta grande “Família”. Neste primeiro lote de entrevistas estamos a falar não só de Voluntários que, sem qualquer proveito financeiro, trabalham graciosamente para que a Associação de Futebol da Horta possa, cabalmente, desempenhar a suas funções em quatro ilhas, mas, também dos Colaboradores directos (funcionários, com ou sem vínculo permanente).

Mas a intenção é prosseguir com esta Rubrica, pois existem muitas outras “CARAS”, nestas quatro ilhas, que merecem, igualmente, ser conhecidas neste contexto pelo seu esforço e dedicação num trabalho muitas vezes diário, pelo que o Volume II será editado oportunamente.

 

 

Cristina Silveira