Jogou Futebol no Madalena, no Boavista de São Mateus e no Fayal Sport e Hóquei em Patins no Madalena e no Candelária – além de se ter destacado nas Corridas em Patins, com títulos Regionais e Nacionais – mas é como Árbitro que Paulo Luís Marcos Goulart se sente realizado. Desde que entrou no mundo da Arbitragem na Associação de Futebol da Horta (AFH) – em 1995 – que este picoense já apitou na Série Açores e nos Nacionais como Árbitro Auxiliar, tendo também arbitrado em Campeonatos Regionais de Futebol. Antes de ser Árbitro de Futebol e de Futsal, Paulo Goulart foi Juiz de Corridas em Patins.

A sua vasta experiência fez com que tenha sido convidado para integrar o Conselho de Arbitragem da AFH, sendo o Representante dos Árbitros na Ilha do Pico no actual mandato (2021/2025). E a propósito do organismo que integra, este técnico reconhece “a grande evolução registada nos últimos anos”, a qual, no seu entender, se fica “inteiramente a dever” a Marco Silva, um Presidente “com conhecimento, sempre atento, que sabe estar e falar, dando o melhor de si à Arbitragem da AFH”.

Cristina Silveira

Época de 1989/1990: Paulo Goulart enquanto jogador de Hóquei e no 2º lugar do pódio no Campeonato Açoriano de Corridas em Patins, sempre como atleta do Futebol Clube da Madalena

Paulo Luís Marcos Goulart nasceu para ser Árbitro não só pelos antecedentes familiares, mas, sobretudo, por ser detentor do perfil certo. Contudo, antes de dar cartas na Arbitragem, viveu a faceta de atleta (recorde-se que o pai também já tinha jogado à bola e que estamos a falar de um clã de desportistas). Primeiro como Jogador de Futebol no Madalena (nos escalões de Juniores e Seniores) e no Boavista de São Mateus (Seniores), no Pico; e ainda no Fayal Sport Club (Seniores), na ilha do Faial, durante uma época, no decorrer do serviço militar, tendo como treinador Manuel Lino.

Temporada de 1981/1982: Equipa de Hóquei em Patins do Pico, que veio jogar ao Pavilhão do Fayal Sport Club, o qual se encontrava lotado, como era hábito nesses anos em que a “picardia” saudável entre as gentes do Canal era levada ao rubro e muito “alimentava” a chama desportiva.

Atrás, da esquerda para a direita: Manuel Cristiano (“Bebé”, o “mecenas” dos patins, não acessíveis a todas as bolsas), Manuel Fernando Marcos e o jovenzinho Paulo Goulart.

Em baixo, pela mesma ordem: Cordeiro, Manuel Fernando e Mário Goulart

O facto de “nunca” ter pendido muito para o “desporto-rei” e de preferir os patins, levou Paulo Goulart a mostrar o que valia no Hóquei em Patins, tendo defendido as cores do Madalena Futebol Clube e do Candelária Sport Clube em competições locais e regionais. De realçar que este gosto já vinha dos tempos de escola, tendo sempre demonstrado apetência pelo Hóquei e as Corridas em Patins.

Na primeira fotografia: Há mais de 30 anos - Os irmãos Paulo, Marco e Luís Goulart, todos medalhados num Campeonato Nacional de Corridas em Patins 

Na segunda fotografia: De novo o clã Goulart - Luís, Paulo e Marco, no domínio do pódio após uma Corrida em Patins, no Patinódromo da Madalena do Pico

São muitos os que ainda têm presente o facto de os manos Goulart terem animado e dominado as Corridas em Patins na Madalena do Pico ao longo de, pelo menos uma década, os quais, depois de assegurarem o pódio no Campeonato Regional, iam todos os anos aos Nacionais sempre em representação do Clube do coração: o  Madalena. Subjacente estava a ideia de que teriam de ganhar “tudo o que houvesse para ganhar”. E assim acontecia, como nos conta o entrevistado apoiado nos diferentes registos, que continuam a evocar um merecido orgulho, mas provocam “muitas saudades”.

Os manos Goulart desfilando num Campeonato Nacional de Corridas em Patins, em Sines, ostentando, orgulhosamente, a bandeira do Futebol Clube da Madalena

Acompanhando de perto a actividade de dois irmãos mais velhos (José António e Hélder Goulart, árbitros de Futebol) no que à Arbitragem diz respeito, facilmente se percebe que tenha despontado em Paulo Goulart a vontade de experimentar. Com eles, começou a ser Auxiliar, ainda no tempo do INATEL – em que imperava a abundância de jogadores e de equipas, a grande vontade de praticar e a escassez de regras – e ao sentir que era talhado para a arte de saber apitar, aceitou o repto da Associação de Futebol da Horta (AFH), tendo feito o Curso de Árbitro de Futebol de 11, em 1995. Saliente-se que a tradição familiar neste ramo estendeu-se aos sobrinhos Nuno Goulart, Paulo Goulart (irmãos) e Filipe Goulart.

Anos 80, no pelado da Madalena.

Da esquerda para a direita – Três irmãos entre amigos: Marco Goulart, não identificado, Veloso, jogador do Benfica; Hélder Goulart e Paulo Goulart

Nas Épocas de 2006/2007 e 2007/2008, o nosso entrevistado foi Árbitro Auxiliar com Nuno Goulart, nos Nacionais; e na temporada de 2014/2015 ingressou na Série Açores, representando a AFH. Em 2017/2018 voltou à Série Açores como Árbitro Auxiliar.

Época de 1990/1991: Equipa de Futebol do Boavista de São Mateus do Pico.

Atrás, da esquerda para a direita: José António Mota, Presidente; José António, Carlos Pinheiro, Luís “Bengala”, Luís Pinheiro, Tomás, Renato Goulart, Virgílio, Rui Pereira e Urbano, Director.

À frente, pela mesma ordem: Humberto Leal, guarda-redes; Mário, Roberto, Paulo Goulart, José Pereira, Fernando “Pula”, “Safiro” e José Neves

Em 2019, o infortúnio bateu à porta deste juiz, tendo o acidente de moto que sofreu o obrigado a fazer um interregno. Como consequência disso, passou só a arbitrar jogos de Futsal, actividade que retomou em finais de 2021. A formação como Árbitro de Futsal aconteceu na temporada de 2010/2011. De sublinhar que no início dos anos 90, mais concretamente entre 1990/1991, Paulo Goulart foi Juiz de Corridas em Patins, tendo tirado o Curso de Árbitro de Hóquei em Patins no Continente português.

1992/1993: Juizes Nacionais de Corridas de Patins, na Pista de Patinagem da Câmara da Madalena do Pico

Volvidos 27 anos desde que começou a apitar de forma federada, Paulo Goulart mantém-se no activo e explica as razões para tal. “Se formos a olhar para a idade estipulada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) eu já deveria ter terminado a minha carreira, mas como a Associação de Futebol da Horta se debate com a falta de árbitros, ano após ano tem renovado o convite para eu continuar. Na actualidade, sou o árbitro mais velho no universo da AFH. No entanto, devo esclarecer que mantenho a minha colaboração não só pelo facto de a Associação precisar de mim, mas por sentir que, aos 54 anos, ainda tenho condições para arbitrar, não escondendo que gostava muito de voltar ao Futebol de 11, o que para já não vai ser possível”.

“O que me move é o gosto pela Arbitragem”

Jogo relativo a 1998, aquando da subida do Madalena à III Divisão Nacional - Série Açores.

Da esquerda para a direita: Elemento do União Micaelense, Paulinho Oliveira, Paulo Goulart, Mário Goulart e Ivo Rosa, do Madalena

As agruras que um árbitro tem de enfrentar, dentro e fora das quatro linhas, é algo que só se consegue ultrapassar com o gosto pela actividade, como ressalta este profissional: “Não é fácil ser Árbitro, pois isso implica ter perfil. Não é para todos. Quando digo perfil, significa saber estar dentro do campo, saber apitar, saber correr com a bandeirola quando se é Auxiliar e saber compreender. É preciso querer ser Árbitro e gostar de ser. E os jogadores têm de saber respeitar o Árbitro. Mas também é preciso ter respeito pelos jogadores e saber falar com eles. Eu sinto que me respeitam; imponho esse respeito mas também o tenho para com o plantel.

Há 20 e 30 anos, éramos muito insultados! Atiraram-me pedras para as costas e fui várias vezes ameaçado. É por isso que somos escoltados pela polícia até fora do recinto de jogo. Estas situações que acabo de descrever verificavam-se em qualquer ilha, mas sabemos que na maior parte das vezes acontecem no calor do momento e depois todos se esquecem. Noto que não havia respeito como agora, além de que nesse tempo não se percebia tanto de Futebol como na actualidade. Portanto, não é pelo lucro que estou nisto. O que me move é o gosto pela Arbitragem. É preciso gostar! Tenho de ressalvar que mesmo quando me chamam nomes – não gosto mas já estou habituado – continuo a falar com as pessoas cá fora. Não guardo rancor, pois o que se passa no campo é relativo ao jogo. Sempre tive esta postura ao longo da minha carreira, à qual me dediquei  a 100 por cento. Tenho muito respeito pela Arbitragem, pelos Jogadores, Delegados, Directores, Treinadores e todos os Agentes Desportivos. Sou Árbitro por gostar de apitar e sinto que posso ser um exemplo para os mais novos.

É mais difícil ser Árbitro hoje do que há 30 anos

Equipa de Arbitragem de Futsal no Pavilhão da Escola Cardeal Costa Nunes, na presente temporada (2021/2022), no decorrer da Taça de Juvenis disputada entre o São João e o Ribeirinha da ilha do Pico.

Da esquerda para a direita: Paulo Goulart, Luís Goulart, Tibério Neves e Gina Sousa

Naturalmente que neste ambiente pouco amistoso não é fácil cativar jovens para a Arbitragem. A Associação pede-nos para sensibilizarmos os mais novos ou até mesmo alguém que deixa de jogar, mas é preciso perceber se há perfil. Neste momento, temos dois jovens no Pico que estão a experimentar no sentido de perceberem se se enquadram. Estou a falar do Júlio Soares e do Gonçalo Neves, ambos das Lajes.

Sabemos que não é fácil. Pelo contrário! Na minha opinião, é mais difícil ser Árbitro hoje do que há 30 anos, porque há mais regras, mais leis, mais exigências. E ser árbitro de Futebol de 11 e de Futsal implica saber muito bem as diferenças entre uma e outra modalidade, o que exige largo conhecimento.

Equipa de Hóquei do Candelária - Época de 1992/1993.

Atrás da esquerda para a direita: David Rosa, Roberto, Marco, António José, Marciano e Vítor.

À frente, pela mesma ordem: Marco, Marco Luís, guarda-redes; Rui Pereira e Paulo Goulart

A nível nacional, todos os árbitros se sentem ameaçados (…)

Mas se nos Açores, apesar de tudo, o público até se contem, já o mesmo não acontece no Continente. E eu percebi bem isso quando fui Árbitro Nacional, entre 2006 e 2008. Naturalmente que todos sabiam que eu era açoriano, assim como o meu sobrinho, e então ouvíamos das bancadas frases nada simpáticas como “oxalá que o avião caia no regresso” ou “vai lá para a tua terra”, entre muitas outras, claro. A culpa dos maus resultados desta ou daquela equipa é sempre do árbitro, que funciona como o bode expiatório.

Sabemos que às vezes o árbitro errou, pois no decorrer de um lance o jogador A ou B passou pela frente, impedindo a correcta visão. Os árbitros que estão em campo não vêem ou não querem ver as situações como elas são e depois a decisão final cabe ao Vídeo-Árbitro (VAR). Mas quem é que se atreve a ir contra aquelas claques super-aguerridas, que têm um peso enorme? É que toda esta gente sabe quem é o árbitro que está no VAR, onde mora, o percurso que faz até casa, etc, etc. Portanto, ninguém vai querer tomar decisões impopulares, digamos assim. A nível nacional, todos os árbitros se sentem ameaçados e ficam com medo de dizer o que realmente viram. É preciso ter muita coragem! Evidentemente que isto é mais visível nos jogos relativos aos clubes maiores e com mais projecção, mas mesmo assim ser árbitro nos Açores não tem nada a ver com a realidade nacional”.

1989: Equipa de Hóquei em Patins do Madalena Futebol Clube.

Atrás, da esquerda para a direita: Paulo Roque, António Cordeiro, Luís Pereira, Miguel Costa, Vítor Sequeira e Armando Sequeira, patrocinador do equipamento.

À frente, pela mesma ordem: Marcelo Goulart, Marco Dutra, Paulo Gulart, Marco Goulart e Hélder Botelho

“As mulheres têm de assumir maior relevo na Arbitragem dentro da AFH”

Questionado sobre o papel das mulheres na Arbitragem, Paulo Goulart responde que “seria importante assumirem maior relevo dentro da AFH, deixando de ser, maioritariamente, árbitro auxiliar”. E prossegue: “A presença feminina na Arbitragem é benéfica e importante. As mulheres além de terem capacidade, contribuem para que haja um maior respeito quando estão em campo. Fazem com que a linguagem e a postura sejam diferentes, para melhor. Os próprios jogadores não se abeiram das árbitras para refilarem ou insultarem como acontece com os homens.

Tenho uma colega com quem costumo arbitrar Futsal, no Pico, que é a Gina Sousa, e percebe-se que o tempo lhe vai dar a confiança e a experiência que ela sente quando tem ao seu lado alguém com mais anos de carreira. É tudo uma questão de tempo, pois a capacidade e a formação são realidades muito presentes.

O Eduardo e o Marco têm apostado muito na Formação

Aspecto da (I) Gala AFHorta - 89º Aniversário, realizada a 02 de Novembro de 2019, no Auditório Municipal da Madalena do Pico.

Da esquerda para a direita: Paulo Goulart, que foi distinguido com o Troféu Carreira, na Categoria de Árbitros; Victor Pereira recebeu o Troféu de Melhor Árbitro de Futsal; Vasco Almeida, a quem foi atribuído o galardão de Melhor Árbitro de Futebol; Tatiana Melo, que recebeu o Troféu de Árbitro Revelação; Marco Silva, Presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol da Horta; Cláudia Esteves, Directora do Conselho de Arbitragem da AFH; Nuno Dart, Vice-Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH; Luciano Gonçalves, Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol; e Paulo Vargas, membro do Conselho de Arbitragem da AFH

Fotografia de: José Feliciano

Quanto à Formação, tenho de enaltecer a aposta que tem vindo a ser feita desde que o Eduardo Pereira assumiu a presidência da AFH, o que não tinha expressão no tempo do Faria de Castro. Nota-se bem que o Eduardo tem outras ideias, o que é muito positivo. Além do mais, a Arbitragem da Associação de Futebol da Horta está excelentemente bem representada e defendida pelo Presidente Marco Silva, um homem com H grande. Se temos formações – presenciais ou ‘online’ – e oportunidades de evoluir com participações nacionais ou com árbitros que passam pelos Açores e não só, é graças ao Marco, que está sempre atento a tudo. Tem-se registado uma evolução muito grande, atendendo a que ele tem uma vasta experiência e bons conhecimentos na Federação, tanto no Futebol como no Futsal. O Marco é um excelente exemplo do que deve ser um Presidente da Arbitragem, pois compreende as situações e sabe estar e falar. Com ele, a Arbitragem da AFH ganhou em muitos aspectos.

Jogadores, Delegados e Dirigentes deveriam ter formação cívica

Além da Formação em termos das Leis de Jogo, também deveria haver formação cívica dirigida a todos os Agentes Desportivos. Seria muito importante que todos aprendessem a abordar correctamente o árbitro, usando uma linguagem própria. Posso garantir que aceito muito bem que me apontem, com bons modos, as situações onde eu possa ter errado na minha análise de jogo. Não tenho qualquer problema em assumir que não estive bem. Aliás, eu já cheguei a escrever para a Associação no sentido de pedir desculpa ao Clube A ou B pelo facto de o ter prejudicado nas minhas análises. Errar é humano e reconhecer os nossos erros é uma virtude, mas nem todos encaram assim. Sempre tive abertura para ser confrontado devido às decisões tomadas. Nunca tive a tendência de fugir no que toca a assumir as minhas responsabilidades ou esconder este ou aquele facto. Ainda hoje sou recordado por pessoas que já não estão ligadas ao Futebol, mas que se lembram da minha prestação.

Paulo Goulart viveu a fase de jogador de Futebol (aqui, estava ao serviço do Boavista de São Mateus) mas a sua realização em campo é sublimada no papel de Árbitro, o que já acontecia quando estava a ver os jogos do INATEL e o iam chamar à bancada para apitar, o que naturalmente constituía uma “grande alegria”

Mas o que eu constato é que, regra geral, a abordagem ao árbitro é feita em moldes grosseiros e já chegaram a deixar escrito, em relação à minha prestação, o seguinte: “Hoje a Arbitragem foi má”. Mas tenho de ser justo e dizer que também já houve vezes em que Jogadores, Treinadores e Dirigentes elogiaram o meu bom trabalho. Houve mesmo situações em que nas Observações ficou registado: “Boa Arbitragem”.

Claro que quem ganha sai satisfeito e quem perde procura um mal menor para justificar a derrota. Contudo, também já deram parecer favorável à minha arbitragem mesmo quando a equipa tinha saído a perder.

Ser Delegado é muito importante, o que implica saber as Leis do Jogo. Tudo isto se resume a Formação, que inclui conhecimentos, mas, também, ter noção de qual deve ser o comportamento a seguir. Sei perfeitamente que esta lacuna que aponto não se verifica por inércia da Associação, que tem promovido imensas formações dirigidas a Delegados, Jogadores, Treinadores, Dirigentes, etc. O problema está do lado dos destinatários que, pura e simplesmente, não querem perder tempo. Por que razão é que hoje em dia não é fácil arranjar voluntários para a função de Delegado ou Director? Precisamente por não haver quem queira perder tempo com isso. A tendência é para cada um ficar comodamente na sua vida em vez de se chatear com os outros.  

Ser Árbitro é sinónimo de perder muitas horas. Se um jogo estiver agendado para as 15 horas, tenho de comparecer com uma hora de antecedência. Depois, são no mínimo mais 90 minutos, a que se acrescenta o tempo de tomar banho e trocar de roupa, o que significa que só vou chegar a casa por volta das 18H30/19h00. Tudo isto para ganhar 20,50. Conclusão: estamos a falar de gosto, o que implica investimento de tempo e muita dedicação.

Tenho observado que, quando os filhos estão inscritos num determinado Clube os pais mais facilmente aceitam integrar a Direcção do mesmo e vejo que o Futebol Clube da Madalena, por exemplo, tem bastantes directoras precisamente por causa dos filhos atletas. Como estamos a falar de um trabalho que é totalmente ‘pro bono’ percebe-se que não é fácil para um Clube manter vários escalões no activo”.

Este picoense refere que já deu o seu contributo como membro directivo de algumas entidades religiosas, mas como se encontra na Arbitragem ainda não foi convidado para a Direcção de qualquer Clube. No entanto, esta é uma possibilidade que, futuramente, se mantém em aberto.

“A AFH está a trabalhar bem”

Paulo Goulart foi convidado a integrar o Conselho de Arbitragem da AFH no actual mandato – que começou em Junho de 2021 e termina em 2025 – sendo o Representante dos Árbitros na Ilha do Pico. E, a propósito, assinala: “Acho importante ter alguém do Pico neste órgão, para nos sentirmos mais representados. E devo realçar que o Marco tem o Pico em grande atenção, pois trabalha directamente comigo, pedindo-me conselhos, sugestões e informações sobre o caminho a trilhar, valorizando bastante a minha longa carreira na Arbitragem. Apesar de a AFH estar sedeada no Faial, sinto que o Pico é ouvido, mas nem sempre foi assim. A ilha montanha tem peso e actualmente as coisas estão mais viradas para lá. Há pouco mais de uma década, os picoenses não tinham a representatividade que hoje têm na Associação, embora eu considere que ainda se pode trabalhar mais em termos da igualdade que deve imperar nas quatro ilhas de abrangência desta instituição. A AFH está a trabalhar bem e sem dúvida que o Marco está a fazer um grande trabalho, assim como o Eduardo Pereira, que é bastante compreensivo. Considero mesmo que o Eduardo é a pessoa certa para conduzir os destinos da Associação de Futebol da Horta, uma vez que conhece bem este organismo e tem muitos anos de “escola”. Garantidamente, não será fácil encontrar alguém para substituir tanto o Marco como o Eduardo”.

“Os troféus representam épocas em que estive em alta”

No decorrer de uma carreira que já celebrou as bodas de prata, este Árbitro picoense foi coleccionando muitas conquistas e diversos troféus.

Em 2014/2015, os Clubes envolvidos no Campeonato de Seniores Masculinos elegeram Paulo Goulart como o “Árbitro Mais Citado”. Nesta mesma temporada e no decorrer do Campeonato de Seniores da AFH – Futebol – foi votado no “Blog Desporto na Ilha Azul” como o “Árbitro Mais Popular”.

No âmbito da XVI Gala do Desporto Açoriano, realizada em Maio de 2017, no Nordeste de São Miguel, Paulo Goulart foi distinguido com o Troféu “Personalidades”. A cerimónia de entrega dos galardões picoenses decorreu em São Roque do Pico e contou com a presença de diversas individualidades, entre elas o Director Regional do Desporto, António Gomes, que entregou o galardão a este picoense; os autarcas dos três concelhos da ilha montanha, deputados, o Presidente da Direcção da AFH, Eduardo Pereira, bem como o Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH, Marco Silva.

Na primeira fotografia: António Gomes, então Director Regional do Desporto, entregou o Troféu a Paulo Goulart    

Na segunda fotografia: A cerimónia decorreu em São Roque, tendo estado presentes, entre outros, o Presidente da Direcção da AFH, Eduardo Pereira; e o Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH,  Marco Silva        

A Gala do Desporto Açoriano teve como objectivo homenagear e distinguir os agentes desportivos, as entidades do desporto escolar e as entidades do associativismo desportivo que se notabilizaram ao longo do ano de 2016, através das classificações e resultados alcançados, bem como pelo contributo que deram ao desenvolvimento desportivo regional, através do trabalho levado a cabo.

Em Novembro de 2019, na Gala AFHorta - 89º Aniversário, que teve como palco o Auditório da Madalena do Pico, Paulo Goulart foi distinguido com o Troféu “Carreira”.

Instado a revelar o significado destes prémios, este picoense afirma: “São importantes. Representam épocas em que estive em alta. É gratificante olhar para eles e sentir que estive bem.

Na primeira fotografia: Troféu “Personalidades” atribuído na Gala do Desporto Açoriano, em 2017

Na segunda fotografia: Troféu Carreira com que Paulo Goulart foi distinguido na Gala AFHorta - 89º Aniversário, realizada no Pico, em 2019

Fotografias cedidas por: Paulo Goulart

A Gala AFHorta é uma excelente iniciativa

No decorrer da Gala AFHorta - 89º Aniversário, Paulo Luís Marcos Goulart foi distinguido na Categoria de Árbitros com o Troféu Carreira, que lhe foi entregue pelo Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, Luciano Gonçalves

Fotografia de: José Feliciano

Ainda no que concerne a distinções, considero que a Gala AFHorta tem sido uma excelente iniciativa no sentido de homenagear publicamente todos aqueles que mais se destacaram. Estes momentos fazem-nos sentir que demos o nosso contributo a favor do Futebol e do Futsal. Sabem bem! As Galas têm sido bem representativas das nossas quatro ilhas e os comentários que tenho ouvido são os melhores.

“O amor à camisola” vai voltar!

Na minha opinião, não há falta de jogadores. O que se verifica é que, como os melhores começaram a ser pagos aquando da Série Açores, ficaram habituados a receber e quando deixou de haver dinheiro recusaram-se a jogar de borla. Mas já se nota que “o amor à camisola” vai voltar e quem quiser jogar terá de o fazer por gosto. Isto significa que vamos ter um regresso ao passado, ou seja, mais jogadores, mais equipas, mais público e, consequentemente, atear a rivalidade que havia há algumas décadas. Já esta temporada pude observar que, nos jogos entre Madalena e Lajense, havia mais pessoas nas bancadas. Até há bem pouco tempo não passavam das duas dezenas e agora já rondam as duas centenas. São sinais de que o entusiasmo pelo nosso Futebol está a ser reacendido, o que é altamente motivador!

No Pico, o Vitória vai descer e juntando o Lajense e o Madalena vamos ter disputa a sério, o que é óptimo para a Arbitragem. É cansativo e até negativo ver sempre as mesmas caras em todos os jogos. É crucial haver mais equipas, mais competitividade, mais emoção e mais adeptos a puxar pelos seus preferidos. O espectáculo é feito pelos jogadores em campo e sem público a torcer pelas equipas o ambiente é totalmente diferente, como deu bem para perceber no início desta pandemia. No meu caso, o importante é fazer um bom trabalho, mas sei que ter gente a ver faz toda a diferença para os jogadores, para os Clubes e até para a massa associativa.

Antigamente, a malta saía de casa para ir jogar Basquetebol, Atletismo, Futebol, etc. Jogava-se Futebol e havia gosto em ir para os treinos. Presentemente, o que vemos é que os mais novos ficam em casa agarrados ao computador, à ‘playstation’, ao telemóvel. Por isso, é fundamental criar incentivos ou estratégias para levá-los a praticar Desporto!

A cobertura da Antena Nove faz falta!

Outro aspecto que contribuía muito para o acompanhamento e divulgação dos nossos jogos era a cobertura feita pela rádio faialense “Antena Nove”. E aqui também era feita a classificação da Arbitragem, sendo atribuída uma nota a cada juiz. Entendo que isso era muito positivo para o desempenho dos próprios árbitros. Tínhamos um Futebol mais vivo e mais dinâmico, que suscitava grande interesse e em que todos gostavam de estar a par.

Também seria muito bom que houvesse rotatividade dentro da própria Arbitragem entre Faial e Pico, pois isso potencia mais competitividade”.