Jogou Futebol federado mais de 20 anos, ajudou a treinar as Escolinhas do Fayal Sport Club durante uma época e desde 2013 que integra o Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol da Horta (AFH). Esta é, também, a forma que Nuno Miguel Brasil Dart encontrou de continuar ligado ao “astro-rei” e de dar o seu contributo à sociedade faialense. É dentro desse espírito de missão que assume, ainda, as funções de Vice-Presidente do Clube de Ténis do Faial e integra a Comissão de Trabalhadores da Assembleia Legislativa Regional.

Cristina Silveira

Equipa de Infantis do FSC - Época de 1991/1992.

Em cima, da esquerda para a direita: João Ribeiro, José António, Directores; professor Gaspar Neves, Treinador; Nuno Dart, Guarda-Redes; Lúcio Rodrigues, Luís Pereira, Nelson Peixoto, Álvaro Sabino, Celso Brum, Pedro Terra, Carlos Botelho, Rogério Garcia, Treinador; e João Quadros, Director.

Em baixo, pela mesma ordem: Nelson Almeida, não identificado, Xénio Terra, João Pamplona, Paulo Sequeira, Armando Rocha e não identificado

Foi ainda em criança que Nuno Dart começou a trajar de “Verde”, opção mantida até Sénior, altura em que defendeu as cores de outros dois Clubes faialenses por outras tantas épocas, como recorda o próprio na entrevista de hoje.

Época de 1993/1994 em que a equipa de Juniores B do FSC se sagrou Campeã da AFH.

Em cima, da esquerda para a direita: Marco Gomes, Daniel Aguiar, Luís Picanço, Luís Pereira, Paulo Dias, Hélder Escobar, Celso, Sandro Pereira, Tino Lima, Treinador; Celestino Lourenço, Director; e Mário Henriques, Massagista.

Em baixo, pela mesma ordem: Nuno Dart, Guarda-Redes; Lúcio Rodrigues, Xénio Terra, Celso Pereira, Ildo Pereira, Ilídio Matos, Márcio Lima, Nuno Henriques, Nelson Almeida, Leôncio Machado e Dr. Chaby Lara, Médico

“Passei por todos os escalões do Fayal Sport Club (FSC) e fui Campeão em cada um deles. Joguei Futebol mais de 20 anos como federado, sempre no Clube do meu coração, e apenas fiz uma época no Cedrense (2004/2005) e outra (incompleta) no Atlético (2005/2006). Como o Fayal também tinha Andebol, ainda experimentei, mas a minha paixão sempre foi o Futebol, com a particularidade de nunca ter jogado fora da posição preferida: Guarda-Redes.

O Grupo Desportivo Cedrense foi Vice-Campeão da AFH na temporada de 2004/2005.

Em cima, da esquerda para a direita: Nuno Dart, Guarda-Redes; Álvaro Silveira, Nuno Escobar, Zé Leonel, Marco Aurélio, Luís Costa, Vítor Vargas, Capitão; Carlos Cunha e Rui Castro.

Em baixo, pela mesma ordem: Estêvão Gomes, Ricardo Gomes, Maurício Souto, Vítor Moitoso, Nelson, Paul Dias, Nuno Silveira, Marco Esteves e Jeremy Maiato

Habituado a praticar Desporto, mantive a actividade física indo ao ginásio – o que gosto bastante – e com a entrada na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), em 2011, retomei o Futebol no Centro de Cultura e Desporto (CCD) do Parlamento Açoriano.

Equipa de Futebol da ALRAA (trajando de branco) no confronto com a da Assembleia da República, em 2015

Jogamos contra uma equipa formada por deputados regionais, outra da Polícia de Segurança Pública (PSP), de Sindicatos vários e até da Assembleia da República. Com esta última equipa fazíamos intercâmbios e éramos para ter ido à Madeira defrontar a formação do Parlamento madeirense, mas tal não foi possível devido à pandemia.

Jogo entre o Centro de Cultura e Desporto da ALRAA e uma equipa de deputados

Temos participado em vários torneios e ganho alguns. Considero que temos uma boa equipa, onde figuram ex-jogadores como o César Furtado, o Nelson Bettencourt, o Jorge Silveira, o Roberto, ou seja, tudo pessoal que já jogou à bola e sabe. Às quartas, na semana do plenário, depois de terminados os trabalhos, juntamo-nos no sintético da Escola Secundária Manuel de Arriaga (ESMA) e treinamos com os deputados uma hora/uma hora e meia, uma vez por mês. Fazemos um jogo/treino contra eles. Com a Covid-19 o ritmo decaíu mas, entretanto, já regressámos (quase) à antiga normalidade”.

Equipa do CCD da ALRAA - Época de 2014

“Estou nestas funções por gosto e também porque já me identifico com esta orgânica”

Depois de ter vivido intensamente o ciclo de Jogador, o que ainda hoje constitui motivo de orgulho, mas, também, de saudade, Nuno Dart sentiu, dentro do epírito de missão que assume, que era tempo de dar o seu contributo à sociedade e nesse sentido abraçou o Dirigismo.

“O Eduardo [Pereira, Presidente da Direcção da AFH] lançou o repto ao Marco [Silva] para assumir as rédeas do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol da Horta – que estava a precisar de um trabalho de fundo em termos organizativos – e este foi eleito em Dezembro de 2012, fazendo parte da sua equipa o Sr. Altino Goulart e o Paulo Vargas. Um ano depois, o Marco desafiou-me a dar a minha colaboração. E tal como ele tinha previsto, eu tomei o gosto e fui ficando até hoje. Comecei como colaborador e fui eleito Vice-Presidente no mandato que arrancou em 2014, cargo que tenho mantido nos sucessivos actos eleitorais. Presentemente, a nossa equipa – eleita com os restantes órgãos directivos da Direcção da AFH em Junho passado – é composta pelo Marco, por mim, pelo Luís Borges, pelo Paulo Vargas e pela Raquel Rosa. Anteriormente, tínhamos contado com colaboração da Lara Furtado e da Cláudia Sofia. O Hélio Duarte mantém-se na posição de Observador, mas sei que um dia integrará este organismo.

É preciso ter arcaboiço para ser Presidente do Conselho de Arbitragem, o que reconheço no Marco. Ele tem um poder de encaixe grande, além de disponibilidade, e embora sacrifique um pouco a sua vida pessoal, sei que é o gosto pela Arbitragem que o ajuda a suportar os contratempos.

Estou nestas funções por gosto e também porque já me identifico com esta orgânica. Lá está: esta era a outra parte que eu não conhecia e agora percebo que quando estava do outro lado se calhar também dizia algumas coisas que não devia. É muito bom estar nos dois lados para percebermos o que realmente se passa, pois muitas vezes fala-se sem conhecimento de causa.

Marco Silva e a sua equipa na Gala AFHorta - 89º Aniversário, realizada na ilha do Pico, em Novembro de 2019.

Atrás, da esquerda para a direita: Marco Silva, Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH; Luciano Gonçalves, Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol; Vasco Almeida, actualmente Árbitro C3; e Paulo Vargas, membro do Conselho de Arbitragem da AFH.

À frente, pela mesma ordem: Cláudia Sofia, Nuno Dart, (elementos do Conselho de Arbitragem da AFH); e as árbitras Letícia e Tatiana Melo

Fotografia de: José Feliciano

Apesar de nunca ter encarado a Arbitragem como uma opção, hoje admito que se tivesse menos dez anos talvez experimentasse ser árbitro, embora saiba que é uma tarefa árdua. Quer queiramos, quer não, a Arbitragem é sempre o parente pobre num jogo de Futebol. O ideal é o árbitro passar despercebido. Quanto menos se falar nele, melhor! Significa que o jogo correu muito bem. Quando se fala no árbitro é sempre pelas piores razões. Regra geral, nunca se ouve dizer que o árbitro esteve bem aqui ou ali e as reclamações são uma constante. Por vezes surgem críticas construtivas, o que ajuda, mas isso é raro. Recebemos sugestões e abordam-nos nos campos e tudo o mais, mas a tendência é sempre negativa. Se o jogo corre mal a uma equipa quem é vai pagar? O árbitro, claro! A culpa é sempre dele. E como consequência, os árbitros cansam-se, atendendo a que estão ali por gosto e não pelo que recebem, já que o montante é uma insignificância perante o trabalho que tem de ser feito, além de que, muitas vezes vão apitar em condições atmosféricas adversas e ainda são insultados”.

Nuno Dart com o filho, Tomás

Paralelamente à AFH, Nuno Dart também dá o seu contributo ao Clube de Ténis do Faial e não só. “O meu miúdo [Tomás] jogou dois anos Futebol no Fayal, mas depois experimentou o Ténis e está a gostar, revelando jeito. A verdade é que até já ganhou uns torneios a nível regional.

O pai, Vice-Presidente do Clube de Ténis do Faial, entrega o troféu ao atleta vencedor (que neste caso é o filho, Tomás Dart)

Claro que eu gostava que ele praticasse Futebol, mas sei que com estas duas modalidades ficava muito cansado e a prioridade é a Escola. Porém, o jeito está lá e a qualquer hora pode regressar ao Futebol. Com esta viragem do Tomás para o Ténis há cerca de dois anos, e atendendo a que nos encontrávamos todos os dias no Clube, um grupo de pais formou uma Direcção, onde também sou Vice-Presidente. Além disso, faço ainda parte da Comissão de Trabalhadores da ALRAA, recentemente eleita”.

Tomás Dart jogou Futebol e agora pratica Ténis (modalidade onde está a marcar pontos), mas o campo das possibilidades desportivas é vasto

“Somos poucos mas somos unidos”

No decorrer da conversa, este Dirigente explicou como é feita a gestão do dia-a-dia no Conselho de Arbitragem da mais pequena Associação de Futebol do País: “Somos poucos mas somos unidos. Há opiniões diferentes, o que é normal em todas as organizações. Nos nossos elencos directivos temos contado sempre com elementos femininos e com a experiência de antigos árbitros, como o Luís Borges e o Hélio Duarte, o que tem sido muito positivo. Eles transmitem os seus conhecimentos aos mais novos e ajudam nesta missão de Formação.

O segredo é o diálogo e a colaboração com todos. Pedimos a opinião uns dos outros e é assim que funcionamos. Fazemos a nossa reunião semanal e os árbitros treinam duas vezes por semana. A maior parte das pessoas desconhece que os árbitros também treinam, tal como os jogadores, e têm formações de sala para chegar ao domingo e dar o seu melhor. Sabemos que vão errar, o que é natural em todos nós, mas os da I Liga erram quanto mais os nossos! Afinal, os árbitros da Associação de Futebol da Horta até nem são tão maus como os pintam, pois vemos falhas ao mais alto nível. No entanto, temos tendência para nos desvalorizarmos e apreciarmos os de fora, que é que são bons, mas não é assim.

Ser árbitro implica vontade, gosto e trabalho. Todos têm as suas vidas profissionais e pessoais, sendo duro ir treinar à noite debaixo de chuva. Muitos não se apercebem disso, mas nós, Conselho de Arbitragem, sabemos que tal exige sacrifício e valorizamos muito essa dedicação.

Ainda bem que as mulheres vieram ajudar na Arbitragem

Nuno Dart entregou a Tatiana Melo o troféu na categoria de Árbitro Revelação, na Gala AFHorta - 89º Aniversário

A grande carência é a falta de recursos humanos. Por vezes, temos de fazer “ginástica” para conseguir ter árbitros em todos os jogos marcados. Não raramente saem de um jogo nos Cedros para vir, à pressa, apitar um Fayal ou um Alético, na cidade. Por isso, ainda bem que as mulheres vieram ajudar na Arbitragem. Elas têm outro tipo de sensibilidade (que falta aos homens), o que é uma mais-valia. Aguentam-se muito bem em campo e sabem! Posso referir o caso da Letícia, que já anda nisto há muitos anos e tem uma larga experiência. A Melissa também. E possuem formação em Futebol e Futsal, embora cada uma tenha as suas preferências, como é normal. Já não há aquele estigma de ser uma mulher a apitar. O respeito é igual. Noto isso nos campos, pois é um aspecto a que estou particularmente atento. Há igualdade e reclamações acontecem sempre, tal como com os homens. Era bom que muitas outras mulheres aderissem.

Temos árbitros em todas as ilhas, mas precisávamos de mais, porque nas parcelas mais pequenas há menos pessoas e toda a gente se conhece, o que dificulta a tarefa. Há uma rotatividade dos árbitros pelo Faial, Pico, Flores e Corvo. Naturalmente que o facto de a nossa abrangência ser quadripartida acarreta mais trabalho e custos, tornando-se, por vezes, difícil encontrar Dirigentes, representantes para a Arbitragem, etc,.

Reunimos nas quatro ilhas e todas recebem apoio, material e Formações. Vamos gerindo e dando o nosso melhor.

O árbitro já tem de ter alguma maturidade (…), caso contrário não chega lá

No total, temos cerca de 40 árbitros, sendo alguns mulheres, mas é um número manifestamente insuficiente. É o que faz mais falta ao Conselho de Arbitragem e não é fácil recrutar. Abrimos sempre Cursos no início de cada época, mas os apurados ficam aquém das necessidades.

Temos feito sensibilização nas Escolas, no sentido de despertar entusiasmo ou curiosidade por experimentar, o que até seria uma boa saída para aqueles miúdos que sabem ter menos apetência e, que, à partida vão ser menos vezes convocados, sobretudo quando se trata de Clubes com plantéis maiores, o que é sinónino de menores oportunidades como jogadores. E posso dizer que já tivemos alguns a aprender, mas poucos vingaram. Como estamos a falar de pessoas bastante novas, o primeiro impulso é para jogar e não para arbitrar. Além do mais, assistir a tudo o que é habitual aos fins-de-semana nos nossos campos e ainda apitar com chuva, é algo que não lhes agrada.

O árbitro já tem de ter alguma maturidade para abraçar esta vida, caso contrário não chega lá. Mas para se ser árbitro não é obrigatório ter jogado Futebol. Embora ajude e sabemos que quem esteve dentro de um campo tem uma noção completamente diferente do que se passa, tudo depende das qualidades da pessoa e do trabalho desenvolvido! O Vasco Almeida, o árbitro da AFH que se encontra no patamar mais elevado a nível nacional, é um excelente exemplo do que digo. Apenas jogou Futebol nos escalões de Formação, mas começou a arbitrar muito novo, com apenas 14 anos. A parte física dele também é boa, pois é alto, mas também praticou Atletismo, o que ajuda muito! Os árbitros têm de estar sempre em cima das jogadas. E ele tem essa vantagem. Mas sem dúvida que é a vontade, a determinação e o trabalho que o levaram a chegar tão longe! E já que falo em gosto e persistência, no mundo futebolístico posso referir o José Mourinho, que foi um jogador pouco conhecido e é um grande treinador. Uma coisa não impede a outra. Em tudo, o que é preciso é trabalhar!

O desempenho dos árbitros que mais se distinguiram em 2018 foi premiado na primeira Gala da AFH em 2019

Fotografias de: José Feliciano

O Conselho de Arbitragem proporciona sempre Formação

Apesar de sermos a Associação mais pequena de Portugal e de termos a particularidade de trabalhar em quatro ilhas, o que dificulta sobremaneira a nossa acção, fazemos tudo o que está ao nosso alcance para que todos estejam em pé de igualdade.

O Conselho de Arbitragem proporciona sempre Formação e pedimos aos árbitros que se encontram num patamar mais elevado para colaborarem nesse desiderato. Além do Hélio Duarte e do Luís Borges, que contam com um grande ‘know-how’, temos agora o Vasco Almeida, que é um C3 [Categoria 3] nos Nacionais e que neste momento é o que dá mais Formação aos nossos árbitros, o que ainda recentemente aconteceu. O Vasco elevou-nos para outro patamar, pelo que vamos trabalhar para continuar a crescer.

Mesmo com os constrangimentos que temos devido à nossa pequenez, já conseguimos organizar e realizar um Fórum Nacional de Arbitragem na Horta, o que ainda nunca aconteceu, por exemplo, na Madeira ou no Algarve. Pela primeira vez participaram os 22 Presidentes dos Conselhos de Arbitragem de todos os Conselhos Nacionais das Associações de Futebol. Todos gostaram imenso e sempre que vamos ao Continente perguntam-nos quando é que organizamos a próxima edição. Foi um sucesso! Percebemos que foi um evento bastante valorizado. Tenho de realçar que no Conselho de Arbitragem da AFH não dispomos dos departamentos que existem lá fora. Somos nós que fazemos um pouco de tudo e as chefias já perceberam isso, porque estiveram cá em contacto com a nossa realidade. Portanto, ainda mais significativo é aquilo que fazemos.

É gratificante saber que somos conhecidos e ouvidos nas instâncias superiores. A opinião do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol da Horta é tida em conta a nível nacional. E recebemos apoio tanto em termos de material desportivo como também para formações. O Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), José Fontelas Gomes, tem demonstrado grande disponibilidade e abertura.

Possibilitamos sempre idas ao Encontro Nacional de Árbitro Jovem, pelo que os nossos jovens, das quatro ilhas, têm marcado presença com regularidade neste evento, assim como nos Torneios “Lopes da Silva”. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) colabora sempre e está atenta ao trabalho desenvolvido.

Eu e o Marco temos ido aos Fóruns Nacionais de Arbitragem e a outros encontros nacionais, o que é altamente proveitoso para o nosso Conselho de Arbitragem. Sentimos que a Federação trata todos por igual, seja grande, pequeno, Norte, Sul, Açores ou Madeira. Só temos a agradecer.

Nuno Dart, Vice-Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH; Luciano Gonçalves, Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol; Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da AFH; Marco Silva, Presidente do Conselho de Arbitragem da AFH; Luís Borges, membro do Conselho de Arbitragem da AFH; e Hélio Duarte, Árbitro e Observador, galardoado na Gala AFHorta - 90º Aniversário, decorrida em Outubro de 2020, no Teatro Faialense

Fotografia de: Roberto Saraiva

Estatuto do Dirigente estava muito perto de ser concretizado

Um dos assuntos muito falado pelo Fontelas Gomes nos fóruns, há dois anos, era o Estatuto do Dirigente. Era algo que estava para breve, mas com a pandemia não avançou. Penso que poderá ser um tema a colocar de novo em cima da mesa, uma vez que estava muito perto de ser concretizado. Todos estavam de acordo com essa decisão. Há quem possa ver isto como um aspecto interesseiro e não por gosto à Arbitragem, mas é uma ajuda merecida perante o que é despendido e funcionaria como um incentivo.

O Eduardo é um Presidente dedicado e um gestor exigente

 Confesso que quando deixei o Futebol senti falta, pois foram muitos anos a praticar. Ainda hoje sinto falta do cheiro do balneário, de equipar-me, daquele nervoso miudinho, do cheiro das massagens antes de entrar em campo para aquecer, sinto falta disso tudo, mas a vida continua e posso dar o meu contributo como Dirigente. Portanto, a minha ligação à Arbitragem também pode ser vista como uma forma de continuar ligado ao mundo do Futebol.

Nuno Dart: “(…) ainda hoje sinto falta do cheiro do balneário, de equipar-me (…)”. 

A fotografia recorda a Equipa da AFH num Torneio realizado na ESMA. 

Atrás, da esquerda para a direita: Nuno Dart, Guarda-Redes; Andy Rodrigues, Nelson Sousa, Sandro Silva e Eduardo Pereira, Presidente da Direcção da AFH. 

À frente, pela mesma ordem: João Rosa, Carlos Neves, Paulo Vargas e Roberto Vieira 

Nunca quis ser treinador. Contudo, quando jogava ajudei a treinar as Escolinhas do FSC durante uma época. Terminado o percurso de Jogador ao longo de mais de duas décadas, durante uns anos só ia ver só jogos, até que surgiu o convite do Marco.

Conhecia o Eduardo enquanto Presidente da Junta da Feteira, do tempo em que trabalhei na Câmara Municipal da Horta, e tinha algum contacto com os autarcas locais. Achava-o dinâmico e responsável.

A Associação de Futebol da Horta é o motor do Desporto, nomeadamente do Futebol e do Futsal nestas quatro ilhas e quem segue estas modalidades tem noção disso. Nas reuniões em que participo, e mesmo a nível de Dirigentes e de Clubes, há percepção do trabalho que se faz. O Eduardo – temos de tirar-lhe o chapéu – é um Presidente dedicado e um gestor exigente. Por vezes discorda do Conselho de Arbitragem, o que é aceitável, mas acabamos por ter pontos de vista consensuais.  Mesmo sabendo que não há situações perfeitas, dá todo o apoio necessário aos Clubes e ao Conselho de Arbitragem para que possam desempenhar cabalmente as suas funções e dignificar o Futebol e o Futsal.

A equipa “Verde” é relativa à Época de 2003/2004.

Em cima, da esquerda para a direita: Francisco Ramalho, António Fernando, Henrique Silva, Nuno Dart, Guarda-Redes; Jorge Silveira e Paulo Dias.

Em baixo, pela mesma ordem: Cádio Dias, Rui Furtado, Nelson Garcia, Bruno Cosme e João Rosa

Fotografias cedidas por: Nuno Dart

Antes, não havia grande comunicação para fora nem tanta noção do trabalho levado a cabo pela AFH

A Gala veio dar uma grande ajuda no campo do reconhecimento público e foi mais um projecto com o cunho do Eduardo. O Departamento de Comunicação foi outro aspecto inovador, que veio dar visibilidade e aproximar mais as pessoas, assim como o Facebook. Antes, não havia grande comunicação para fora nem tanta noção do trabalho levado a cabo pela AFH. Com este encurtar de distâncias e constante comunicação para o exterior, as pessoas estão sempre actualizadas sobre tudo o que a Associação faz. A Gala realizou-se pela primeira vez em 2019, no Pico, e foi um sucesso! Decorreu num Auditório [da Madalena] cheio, com muito nível e equilíbrio. E o evento voltou a ser uma realidade em 2020, no Teatro Faialense, mesmo em contexto pandémico, mas seguindo as restrições impostas. Sei que o plano é realizá-la este ano nas Flores e em 2023 no Corvo, o que implica uma logística tremenda. O Corvo está a fazer um excelente trabalho no Futsal, tendo, com todo o mérito, subido agora à III Divisão, o que há dois/três anos era algo impensável. Esta conquista também se deve à vontade e visão do Eduardo. Ainda bem que ele pensa de forma descentralizada, pois todas as ilhas merecem receber a Gala AFHorta, que deve continuar. As pessoas gostam de ser distinguidas e valorizadas pelo trabalho desenvolvido e pelo mérito desportivo. O ‘feedback’ não poderia ter sido melhor e a AFH está de parabéns por esta belíssima iniciativa.

Depois de uma carreira longa no Futebol (sempre como Guarda-Redes), Nuno Dart tem-se dedicado ao Dirigismo

Sem ambição não temos nada!

Conhecendo outras realidades, é normal que o Presidente da Direcção da AFH lute para melhorar o contexto do organismo que chefia. Temos dignidade no que possuímos, mas nitidamente precisamos e merecemos outro tipo de instalações, de acordo com aquilo que é o nosso volume de trabalho e a abrangência territorial. Portanto, o projecto por ele lançado com vista à nova Sede, Campo e Centro de Estágio, é o que se ajusta às necessidades da AFH. É imperioso darmos um passo à frente. Sem ambição não temos nada! E é preciso sublinhar que há apoio garantido da Federação e de outras entidades.

Embora a crise directiva já espreite aqui e ali, sobretudo no que concerne aos Clubes, a nível da AFH ainda não se sente, pois o gosto pelo Futebol funciona como um apelo e faz com que as pessoas se cheguem à frente.

Sou contra poderes prolongados no tempo, mas se as pessoas estão a fazer um bom trabalho e o mesmo é notório, não há motivo para abandonar o cargo só porque se está há muito tempo. Se temos obra feita e há gosto e disponibilidade para continuar, não vejo razões para que tal não aconteça. E isso aplica-se ao contexto da AFH. Todos percebemos que o Eduardo gosta disto e tem feito um bom trabalho, apesar de a Associação de Futebol da Horta não ser um barco fácil de gerir. Assim sendo, quem se propuser assumir as rédeas desta instituição terá de vir munido de algum conhecimento sobre esta área, sabendo, de antemão, naquilo em que se está a meter. Estamos a falar de um cargo exigente, com sacrifício da vida pessoal e familiar. O Eduardo é um homem polivalente e capacitado, pelo que gostava mesmo que ele estivesse aos comandos da AFH por altura do centenário, o que acontecerá em 2030. Porém, perante os projectos em carteira para este mandato, que certamente só serão concluídos no próximo, estamos a falar de um curto período de tempo. Assim sendo, para mim é a pessoa certa no lugar certo. Claro que ele é que sabe da sua disponibilidade, mas acho que teria todo o gosto em realizar estes projectos e ser Presidente da Direcção no centenário da Associação de Futebol da Horta.

(…) já justificava termos um Presidente a tempo inteiro, (…)

Naturalmente que não podemos olhar só para o Presidente, devendo valorizar igualmente a equipa, onde também reside o sucesso pelo que tem sido alcançado.

Olhando para o que a AFH representa e para sua ampla jurisdição [quatro ilhas] considero que já se justificava termos um Presidente a tempo inteiro, o que permitiria ter outro tipo de acompanhamento dos diversos projectos em curso e a implementar. Estamos perante uma engrenagem que tem tendência a tornar-se cada vez mais complexa, onde se destaca o Processo de Certificação dos Clubes, com imensas vertentes e exigências com vista ao crescimento e melhoria do Futebol e do Futsal federado nestas ilhas. Quem tem ligação à Associação de Futebol da Horta e conhece os seus meandros, facilmente percebe o que quero dizer”.