Eduardo Humberto Silveira Pereira é um homem de causas que abraçou o Dirigismo há mais de 30 anos. Além de Jogador (Fayal Sport Club (FSC), Angústias Atlético Clube (AAC) e Grupo Desportivo da Feteira - GDF) também foi Treinador de Futebol Feminino e Masculino, tendo ainda sido Presidente do Grupo Desportivo da Feteira, onde desempenhou outros cargos. É membro da equipa de Fernando Gomes na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e desde 1997 que integra os Órgãos Sociais da Associação de Futebol da Horta (AFH), tendo sido eleito Presidente da Direcção em 2010. Ao recandidatar-se a mais um mandato (será o quarto consecutivo) faz uma retrospectiva aos últimos quatro anos e traça uma perspectiva realista daquilo que serão os próximos tempos, marcados por “muito trabalho e grande incerteza”, por causa da pandemia, mas, sobretudo, devido à falta de capital humano.

“Em traços gerais, este mandato [2017/2021] correu bem. O relacionamento institucional da Associação de Futebol da Horta com as outras Associações e a Federação Portuguesa de Futebol está melhor do que nunca. Perspectivávamos aumentar o número de federados, mas a pandemia revelou-se um grande entrave. Tudo o que eu e a minha equipa conseguimos fazer é uma obrigação e o que ficou por realizar é o que mais me preocupa. Por isso, gostaria de fazer mais um mandato. O que está feito é do conhecimento público e só não vê quem não quiser”.



2018, ano em que a AFH foi distinguida pela “Excelência no Desporto Adaptado”. O galardão foi entregue a Eduardo Pereira pelo Presidente da Federação, Fernando Gomes

 

Mudança de critérios levou à paragem dos Cursos de Treinadores de Desporto

 

“Nos últimos três anos tivemos graves problemas no que concerne aos Cursos de Treinadores Desportivos de Nível I e II e isso teve a ver com a mudança de critérios por parte do Governo e do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Estivemos parados, o que trouxe sérias dificuldades aos Clubes. Uma das grandes apostas da AFH passa precisamente por formar mais Treinadores e dar-lhes Formação Contínua. A Federação já pôs cá fora os novos conteúdos, sendo nosso objectivo conseguirmos, realizar os Cursos de Nível I e II tanto para Futebol como para Futsal, ainda no decorrer deste ano. Pela nossa parte, os Cursos de Futebol já se encontram em andamento e agora aguardamos que saiam as novas orientações por parte da FPF e do IPDJ no que diz respeito ao Futsal. Foi um aspecto que não correu como planeado neste mandato que está a terminar. É nossa intenção voltar a fazer Cursos de Nível I de Futebol e de Futsal no próximo ano e termos um Fórum anual para Formação Contínua de Treinadores de Futebol e Futsal, com treinadores/formadores de alto nível no sentido de dotarmos estes técnicos de mais e melhores conhecimentos. De realçar que esta formação também lhes permite actualizar as suas cédulas”.

 

Retomar o Futebol Feminino e alarga-lo às quatro ilhas da AFH


Eugénio Botelho e as “suas” pupilas na Festa do Futebol Feminino, realizada em Fevereiro de 2020, no Estádio da Alagoa

 

Fotografia de: Cristina Silveira

 

“Outro aspecto em que estávamos muito empenhados e que sofreu um grande retrocesso prende-se com o Futebol Feminino. As meninas gostam e querem jogar Futebol e o Centro de Treinos da AFH – “FIFA Academy” – estava no bom caminho, mas caiu tudo por terra. Tenho alguma mágoa por não termos conseguido levar as nossas meninas à competição nacional no Jamor, o que ficou inviabilizado pela pandemia. Este é um projecto que continuaremos a acarinhar, pretendendo alargá-lo às restantes ilhas de abrangência da AFH [Pico, Flores e Corvo]. Sabemos que no que concerne ao Futebol Feminino os Clubes têm alguma dificuldade em termos de capacidade de instalações e treinadores, mas é importante que façam um esforço nesse sentido. A Associação não quer substituir-se aos Clubes nesta matéria, mas se numa fase inicial for necessário chamarmos a nós essa responsabilidade estamos dispostos a tal para que elas também tenham acesso, pois trata-se de um direito em pé de igualdade com o que acontece no sector masculino. Contudo, em última instância, a nossa ambição é que os Clubes assumam essa missão. As dificuldades que tenho sentido por parte dos Clubes, principalmente aqueles que têm mais capacidade de avançar, passa pela falta de treinadores e espaço de treino, atendendo a que já estão preenchidos com os outros escalões. Há poucos treinadores, pelo que almejamos formar mais e simultaneamente arranjar outros espaços para treinos. Se a AFH tivesse o seu próprio campo, pelo menos no Faial, que é a ilha mais mal servida nesse aspecto, uma parte do problema ficava solucionado. No Pico também estamos a trabalhar na mesma direcção.

É notório que as meninas de forma muito fácil revelam uma evolução rápida. No Corvo as mais novas praticam Futsal juntamente com os meninos havendo igualmente Seniores Femininas. Nas Flores também há uma tentativa de termos Futsal Sénior Feminino e contamos que tal seja uma realidade no Pico já na próxima época. Naturalmente que este período pandémico traz receios acrescidos às famílias e como tal precisamos de fazer algum trabalho de captação junto dos pais, uma vez que os horários dos treinos condicionam o transporte fazendo com que a chegada a casa aconteça, por vezes, um pouco mais tarde do que eles gostariam”.

 

Academia da AFH deverá arrancar em 2022

 

“E esta questão de treinos tardios vai entroncar noutra necessidade antiga, que é a existência de um campo próprio para treinar. A AFH não dispõe de condições de treino tanto em qualidade como em quantidade. Estamos condicionados aos espaços que nos cedem, o que faz com que fiquemos sempre com os horários menos favoráveis, pois existem outras prioridades o que naturalmente compreendemos, mas isso condiciona decisivamente os nossos resultados. Neste cenário, cada vez se torna mais premente avançar com o projecto da Academia, que tem vindo a ser desenvolvido com a Federação ao longo dos últimos dois anos. Embora não exista capacidade financeira por parte do Governo neste ano de 2021, há um compromisso com a Direcção Regional do Desporto (DRD) para que o apoio seja concedido em 2022. Portanto, 2021 será dedicado à concepção do projecto e a ideia seria avançar no terreno em 2022. A empreitada será executada por fases. Numa primeira fase avançará a construção da nova Sede da AFH – orçada em 600 mil euros e executada ao longo de um ano – bem como algumas terraplanagens destinadas ao campo. A segunda fase será dedicada à edificação do campo e na terceira pensamos arrancar com a bancada e os balneários. O campo ficará junto à Sede e esta vai contemplar um Centro de Estágio. Estamos a apontar para que, à excepção da bancada e dos balneários, esteja tudo concluído até ao fim do próximo mandato, o que representa um investimento de cerca de 1,5 milhão até 2025. A Câmara Municipal da Horta comprometeu-se a dar os terrenos e a fazer os arranjos exteriores da Sede da AFH. O Governo colaborará nas obras da Sede, assim como a FPF e a AFH. Relativamente ao Campo, os custos serão financiados pela Federação e pela Associação, mas provavelmente também vamos precisar de apoio do Governo Regional. Este conjunto de infraestruturas ficará na zona contígua às actuais instalações do Grupo Desportivo da Feteira”.

 

“(…) para apostarmos na qualidade é imperioso haver condições”

 

O Clube Desportivo de São João foi um dos participantes na Formação de Treinadores de Futsal nas Lajes do Pico, que decorreu de 07 a 09 de Fevereiro de 2020

 

Fotografia cedida por: José Silva

 

“Até há pouco tempo tínhamos instalações desportivas de pouca qualidade, mas em contrapartida havia grande quantidade de atletas e praticantes. Actualmente, temos melhores condições desportivas e menos praticantes. Para termos uma melhor Formação Desportiva é preciso que todos os praticantes tenham boas condições de treino. E para apostarmos na qualidade é imperioso haver condições. Em boa verdade, a AFH para poder trabalhar as suas Selecções, e não só, tem de possuir uma Academia, que não é somente para as Selecções mas igualmente para ter momentos de treino e jogo ao longo do ano permitindo que as diversas idades possam trabalhar. Os melhores com os melhores. Está mais do que comprovado que tem de haver momentos de trabalho com os melhores para permitir a evolução de Jogadores, Treinadores e Árbitros. Temos de evoluir. É forçoso dar-lhes condições para poderem trabalhar.

Nota-se que cada vez há mais falta de árbitros. O que se verifica agora em comparação com o que acontecia antigamente na forma como os árbitros são abordados nos jogos não está pior, está igual. Acontece é que as pessoas cada vez mais são menos tolerantes perante determinadas situações. Não querem ser maltratadas e não estamos a falar de um serviço à borla. Os árbitros recebem de acordo com a tabela em vigor, mas a verdade é que tem sido difícil angariar árbitros nos novos tempos, sinal de que o dinheiro não paga tudo”.

 

“(…) as mulheres serão a salvação do Futebol”

 

“Seria muito importante trazer cada vez mais mulheres para os campos. Penso que as mulheres serão a salvação do Futebol. Precisamos de aumentar a prática federada e ao nível do sector masculino considero que a capacidade está praticamente esgotada. Portanto, além de as mulheres terem direito a fazer parte do mundo do Futebol, a modalidade precisa delas. E na área da arbitragem são igualmente necessárias. As mulheres, além de competentes e de serem mais respeitadas em campo do que os homens, também contribuem para um melhor ambiente, embora alguns homens ainda não tenham criado habituação à presença feminina. Noto que enquanto jogadoras evoluem rapidamente e são mais dedicadas, ao passo que os rapazes não mantêm tanto o foco.  


Inter-Clubes de Futsal: Juniores A do Futebol Clube da Madalena do Pico

 

O projecto da Federação, que contava com apoios da FIFA e no âmbito do qual decorria o “FIFA Academy” na AFH, caiu em 2020. Estamos em conversações com a FPF no sentido de haver continuidade, mas independentemente dessas ajudas a Associação de Futebol da Horta vai continuar com o Futebol Feminino, porque elas merecem esse investimento. Entendo que é uma obrigação da AFH fomentar o incremento do Futebol Feminino. Vamos tomar a dianteira aguardando que os Clubes possam criar condições para agarrar este projecto”.  

 

“(…) é fulcral avançar com o resgate histórico, uma função importantíssima da Associação”

 

“Há aqui grandes objectivos em mãos, tanto dentro como fora do campo. Paralelamente às infraestruturas, vistas como cruciais para a meta da evolução, é fulcral avançar com o resgate histórico, uma função importantíssima da Associação. É nossa intenção deixar um arquivo histórico em torno de figuras e acontecimentos relacionados com o Desporto na AFH. Esta é outra frente de trabalho, igualmente fundamental, onde há muito a fazer. Neste âmbito, temos na calha a publicação de alguns livros. Esta vertente histórica, social e cultural do Futebol e do Futsal nas nossas quatro ilhas, que se pretende trazer à memória e deixar devidamente registada, só por si já seria ambição suficiente para um novo mandato. Mas se a isso juntarmos as instalações desportivas, o aumento do número de treinadores, árbitros e atletas federados, naturalmente que este conjunto alargado justifica plenamente a minha decisão em avançar uma vez mais. Contudo, estou a antever grandes dificuldades, pois para que haja Clubes são necessários praticantes. E o problema que atinge as filarmónicas, os grupos folclóricos, etc., é o mesmo na AFH: falta de pessoal”.

 

“(…) se não houver incentivos do Governo ao Dirigismo as nossas instituições tendem a morrer”

 

“Se eu fosse uma pessoa mais acomodada e menos ambiciosa, esta era a altura certa para sair da Associação. O trabalho que eu fiz, e que sem falsa modéstia acho que foi bom, já me permitia sair pela porta grande. Daqui para a frente as dificuldades vão ser cada vez maiores por causa dos tempos em que vivemos, mas, sobretudo, porque cada vez mais vai ser difícil ter Clubes no activo e equipas em funcionamento. Há alguns anos era mais fácil, porque havia mais Jogadores, mais Dirigentes e mais Clubes. Os Clubes apresentam dificuldades crescentes em termos de capital humano e alguns já lutam para manter a porta aberta por falta de Dirigentes. Também faltam Jogadores. Os tempos que vêm aí são difíceis na medida em que exigem dos Dirigentes e da Associação uma enorme dedicação e responsabilidade para tentar ajudar os Clubes. Basta olhar para o nosso Campeonato Sénior que nesta temporada não tinha equipas em número suficiente para disputar a prova. Esta é uma situação que vinha acontecendo nos escalões de Formação, em que organizamos provas Faial/Pico com o intuito de termos campeonatos minimamente competitivos, e que já atingiu os Seniores. Isto não está relacionado com o trabalho da AFH ou dos Clubes; é um problema da sociedade, que está cada vez menos comprometida. As pessoas pensam cada vez mais em si e menos nos outros, o que faz com que quem dê se sinta cansado, porque são sempre os mesmos.


Alguns membros da Equipa de Certificação da FPF e da Sub-Comissão de Certificação da AFH, na ilha das Flores, com Responsáveis pelo Grupo Desportivo “Os Minhocas”

 

Fotografias: Arquivo AFH

 

Não gostaria que no futuro fosse a Associação a promover o Desporto. Essa é a missão dos Clubes, que são as células motoras da AFH. Houve uma redução drástica da população na ilha das Flores desde há dez anos a esta parte, registando actualmente menos 50% do seu efectivo. Por oposição, o Corvo está bem, mas tanto o Faial como o Pico registam menos gente e mais envelhecida. Graciosa e Santa Maria também vivem uma crise demográfica, situação que já começar a afectar as ilhas maiores, como é o caso de São Miguel e da Terceira. Há aqui sinais dos tempos que obrigam a que tenhamos uma nova abordagem. Não tenho a mínima dúvida de que se não houver incentivos do Governo ao Dirigismo as nossas instituições tendem a morrer. O Futebol em si não vai desaparecer. No entanto, quem esta à frente dos Clubes vai levar a que isso aconteça. Os novos até gostam, mas não estão para se dedicar como os pais faziam. Isto envolve compromissos e as vidas actuais não se compadecem com essa disponibilidade que havia.

A actividade condicionada é mais trabalhosa e a preocupação é constante. Estou a constatar que com a pandemia os Dirigentes estão muito cansados. Até em termos psicológicos. Aqueles que eventualmente ponderavam manter-se na presidência dos Clubes começam a pensar seriamente se vão continuar. E isso é meio caminho andado para termos Clubes encerrados. Eu gostaria de nos próximos tempos ter uma Associação preparada para o futuro, mas isso afigura-se difícil, porque não basta ter instalações. O mais importante são as pessoas e dar condições aos Clubes”.

 

“(…) estamos na linha da frente para tentar angariar mais apoios para os Clubes”


O FSC contou com o apoio da Federação na aquisição de uma carrinha [na fotografia] no âmbito do projecto destinado à Modernização de Infraestruturas Desportivas e Equipamentos dos Sócios Ordinários da FPF e dos Clubes das competições não profissionais.

Eduardo Pereira, Presidente da AFH, acompanhou Rui Manhoso, Director da FPF, na visita realizada ao Fayal Sport Club

 

Fotografia cedida por: Eduardo Pereira

 

“Sei que há algumas pessoas podem ser tentadas a pensar que em vez de a AFH fazer obras deveria dar esse dinheiro aos Clubes. Mas o correcto é que haja Clubes e Associação. E a AFH tem por obrigação potenciar os melhores. Além do mais, é preciso perceber que as verbas que se conseguem através da AFH para a construção de uma Academia nunca seriam destinadas aos Clubes. São situações diferentes. Posso assegurar que estamos na linha da frente para tentar angariar mais apoios para os Clubes. E temos conseguido. Também há a possibilidade de através da Federação poderem vir a ser canalizadas mais verbas para os Clubes. Embora a situação pandémica esteja a condicionar e atrasar o que estava previsto e em termos nacionais no Futebol só estejam a funcionar as Ligas Profissionais e o Campeonato de Portugal, a Federação mantém o seu interesse em colaborar com as Associações, reivindicando junto do Governo para que o Plano de Resiliência e Recuperação (PRR) também venha a incluir verbas para o Desporto. Assiste-se a uma necessidade de investimento no Futebol a nível nacional. Estamos esperançados de que o Desporto venha a ser contemplado tal como aconteceu com outras áreas”.

 

“Os Clubes não valorizam o trabalho da Associação”

Junho de 2011: Eduardo Pereira acompanhou a Selecção Sub-14 da AFH nas Lajes do Pico

 

Fotografia: Facebook de Eduardo Pereira

 

“Todos sabem qual é a realidade da AFH, pois são sempre apresentados o Plano e Orçamento e é tudo transparente. A nossa Contabilidade é auditada; portanto, facilmente poderemos saber o que cada um recebe. Não há nada escondido dos associados da AFH. É tudo conversado com os Clubes. No passado havia alguns Clubes que entendiam que a AFH devia repartir mais dinheiro, mas a política desta Direcção tem sido a de apoiar os Clubes nas inscrições, nos seguros, na isenção de taxas de arbitragem e oferecendo equipamento (bolas, redes de baliza, etc.,) e não dinheiro. Mas a verdade é que tudo isto representa muito dinheiro. Estamos a facturar tudo e a fazer notas de crédito para que de uma forma fácil os Clubes possam somar tudo e perceber no fim da época quanto dinheiro é que receberam da AFH. 

É com mágoa que percebo que os Clubes não valorizam o trabalho da Associação. Quando vou a um Clube no âmbito da Certificação, da festa de aniversário ou noutra situação, há sempre um agradecimento à Junta de Freguesia, à Câmara Municipal, ao Governo Regional pelo apoio recebido, mas à Associação de Futebol da Horta nunca agradecem o que quer que seja e a verdade é que se forem analisar vão perceber que, quase sempre, a maior fatia das verbas veio da Associação”. 

 

“Este ano a Gala será nas Flores num modelo reduzido”


O apagar das velas na Gala AFHorta - 89º Aniversário, realizada em Novembro de 2019, na ilha do Pico.

Da esquerda para a direita: Rui Marote, Presidente da Associação de Futebol da Madeira; Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol; Eduardo Pereira, Presidente da AFH; José Manuel Caldeira, Vice-Presidente da Assembleia-Geral da AFH; e Luciano Gonçalves, Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol

 

Fotografia de: José Feliciano

 

“Dentro da lógica de rotatividade instituída, a Gala de 2021 decorrerá na ilha das Flores, de forma presencial, mas num modelo reduzido. Isto significa que não poderemos levar todos aqueles que constarem da lista de homenageados optando por representantes. A Gala foi uma iniciativa minha pensada há já algum tempo, cuja concretização foi retardada precisamente pelos custos que estão associados à sua descentralização pelas quatro ilhas de jurisdição da AFH. Contudo, o aproximar dos 90 anos levou-nos ao pontapé de saída.

Desde a primeira hora que foi consensual a sua realização em todas as nossas ilhas. Em 2019 foi no Pico, em 2020 no Faial, ano em que comemorámos o 90º Aniversário desta instituição, e este ano será nas Flores, cuja viabilidade poderá passar por estabelecermos parcerias. Na minha opinião, levá-la às Flores, ainda que nuns moldes mais diminutos, representa um incentivo para todos os Agentes Desportivos desta ilha, que merecem ser reconhecidos pelo seu trabalho e dedicação”.

 

“Se o nosso produto for mais publicitado, mais pessoas poderão aderir”


Outubro de 2020: Clube Desportivo de São João do Pico hasteia Bandeira da Ética, mesmo em tempo de pandemia.

Da esquerda para a direita: Euclides Carquejo, Representante da Ética nos Açores; António Gomes, Director Regional do Desporto; Luís Aço, Presidente do Clube Desportivo de São João do Pico; e Eduardo Pereira, Presidente da AFH

 

Fotografia de: Paulo Brinca - Câmara Municipal das Lajes do Pico

 

“Nos últimos anos tivemos a novidade, associado ao Projecto 22 da Federação, de termos alguns apoios para implementar o Departamento de Comunicação e Marketing da AFH, cuja existência é determinante no sentido de divulgarmos tudo o que fazemos e até em termos de captação, porque se o nosso produto for mais publicitado, mais pessoas poderão aderir. Nós já tínhamos presente a vertente da Comunicação embora de forma mais ténue.

Estabelecemos uma parceria com a “Lajes TV” para cobertura de jogos no Pico, que está a revelar-se eficiente e importante, sendo nosso objectivo alargar às outras três ilhas. De realçar que este protocolo não representa qualquer encargo tanto para a AFH como para os seus Clubes.

O Canal “AFHorta TV”, que neste momento funciona de forma muito reduzida devido à pandemia, futuramente deverá regressar ao modelo inicial, assumindo um papel muito relevante em termos de cobertura da nossa actividade”.

 

Sponsorização do Futebol Sénior


Na Gala AFHorta - 90º Aniversário, realizada no dia 24 de Outubro de 2020, no Teatro Faialense, os Patrocinadores Oficiais da Associação de Futebol da Horta foram distinguidos com um troféu, entregue pelo Presidente da Direcção, Eduardo Pereira. São eles: AON Seguros, Atlânticoline, Fisiomédis, Hortafísio, Picongel, Restaurante Caldeirão e Tamagnini

Fotografia de: Roberto Saraiva

 

“Ao nível do Futebol Sénior, nas últimas duas épocas arrancámos com a sponsorização nos nossos principais campeonatos e é uma situação que há-de ser melhorada em função da capacidade empresarial existente. Por menor que sejam as verbas angariadas são sempre bem-vindas. Gostaria de sublinhar, a propósito, que as verbas que temos conseguido captar neste contexto têm sido distribuídas pelos Clubes, constituindo mais uma forma de ajudar os nossos associados”.

 

“Tenho uma enorme confiança na minha equipa e nos meus trabalhadores”

 

“Em relação à equipa com que gostaria de trabalhar no próximo mandato, encetei alguns contactos e mais de 90% dos elementos do actual elenco mantém-se. São muito poucos aqueles que não continuam e nesses casos não se prende com o projecto em si, mas, sim, com a falta de disponibilidade. Por motivos de doença o meu Vice-Presidente, o sr. Alberto Ventura, não pode continuar. Trata-se de uma pessoa muito válida, que durante décadas deu de si à AFH. 

Estou bastante reconhecido a todos quantos colaboraram comigo. Arranjar pessoas em quem tenha confiança para trabalhar não é fácil, porque isto exige uma confiança pessoal muito grande. Tenho uma enorme confiança na minha equipa e nos meus trabalhadores. A Marlene e a Maria José são os meus braços direito e esquerdo em termos administrativos. Entendemo-nos muito bem. Se eu pudesse estar a tempo inteiro na AFH, como acontece com dois colegas a nível nacional, tinha trabalho para isso. Era bom ter mais tempo. O Dr. Faria de Castro era um Presidente quase profissional. Ele costumava dizer em jeito de brincadeira, o que não deixava de ser verdade, que trabalhava na Associação e apenas ia dar umas aulas, já que tinha um horário de 12 horas lectivas por semana. Ele era um Presidente muito presente na AFH. Comigo não é assim, embora a tecnologia existente tenha vindo facilitar a gestão”. 

 

“Quando estamos nos sítios devemos ter sempre algo que possamos dar e melhorar”

 

Analisando os projectos em que Eduardo Pereira se tem empenhado de forma voluntária, somos tentados a pensar que tem uma atracção nata pelo que se revela trabalhoso ou difícil de gerir e a explicação dada expressa o seu sentir. “Se não houvesse nada de ambicioso na AFH não valia a pena continuar. Quando estamos nos sítios devemos ter sempre algo que possamos dar e melhorar. Não devemos aceitar os cargos apenas para manter a estrutura. O que me desafia é melhorar instalações, concretizar obras, tentar diminuir passivos, etc. Mas ao embrenhar-me afincadamente em tantos projectos, reconheço que a família tem pago um pouco a factura, pelo que sinto que tenho de encontrar um mecanismo de compensação que deve passar por tempo com qualidade”.

O pontapé de saída na vida associativa deste feteirense começa justamente pela vertente desportiva. Como Treinador de Futebol Feminino foi durante duas ou três épocas Campeão no Faial, tendo disputado jogos na vizinha ilha do Pico. Nessa altura, anos 80, havia luta aguerrida entre as formações femininas faialenses existentes na Feteira, Castelo Branco, Capelo e Cedros.

O passo seguinte foi treinar Infantis de Futebol, os quais hoje são homens e ainda jogam nalguns dos nossos campos.

Mesmo quando treinava as equipas femininas, Eduardo já era dirigente, organizando a papelada, pelo que “a questão do zelo pela estrutura é algo muito antigo”.

Este Dirigente fez Atletismo, tendo jogado Futebol, Badminton, Andebol e Ténis de Mesa.

No “desporto-rei” começou por envergar a camisola do Fayal Sport Club, depois foi para o Atlético e acabou em “casa”, no Grupo Desportivo da Feteira. Foi o primeiro Presidente deste Clube, em 1993/1994, tendo ainda assumido os cargos de Director (1994/1996) e Secretário do Conselho Fiscal (1996/1997).


Jogo de inauguração do Campo das Canadinhas, na Feteira, em que Eduardo Pereira envergou a camisola do Clube da “casa”


Curiosamente, foi mesmo a Presidência do Grupo Desportivo da Feteira que acabou com a sua carreira futebolística, por ter sentido que “era difícil compatibilizar as duas funções em campo”. E tal como hoje o Dirigismo já enfermava do mesmo mal. “A Feteira existia no INATEL, através da Casa do Povo, e depois de se ter constituído como Clube, a 20 de Abril de 1990, com escritura no Cartório, foram promovidas eleições mas já aí não se conseguia formar Direcção. E isso fez com que eu tenha abraçado o Dirigismo, o que prejudicou a minha vertente de jogador, que acabou ali”.

Em 1997 inicia aquela que viria a ser uma longa carreira na Associação de Futebol da Horta, onde se encontra até hoje. No mandato de 1997/2001 começou por ser Vogal; e de 2001 até 2009 desempenhou as funções de 1º Vice-Presidente da AFH. A partir de Setembro de 2009, por morte do então Presidente desta Associação, Faria de Castro, passou a substituí-lo até às eleições que aconteceram em 2010. De 2010 até agora manteve-se como Presidente da Direcção da AFH ao longo de três mandatos consecutivos: 2010/2014; 2014/2016 e 2017/2021, além de fazer parte da equipa de Fernando Gomes na Federação Portuguesa de Futebol.

Desde 1992 que desempenha funções na Instituição Particular de Solidariedade Social “O Castelinho”, como Secretário-Geral e Tesoureiro.

Foi Presidente da Junta de Freguesia da Feteira de 2005 a 2017, bem como Deputado da Assembleia Municipal da Horta, sendo Vice-Presidente da Comissão Política do PSD - Faial.

Desde 2017 que é Vereador Municipal pelo PSD em regime de substituição, em diversas reuniões do executivo.

É Contabilista, Vice-Presidente da Assembleia-Geral da Academia do Bacalhau (instituição sem fins lucrativos que apoia diversas causas sociais), sendo ainda Vice-Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Horta e Vice-Presidente da Escola Profissional da Horta.


O tempo que Eduardo Pereira já deu ao Dirigismo foi reconhecido pelo Governo que o galardoou na Gala de 2019

 

Fotografias: Facebook de Eduardo Pereira

 

Em 2019 foi distinguido na Gala do Desporto Açoriano, na Categoria de Personalidades pelo facto de ter completado mais de 25 Anos no Dirigismo.

Actualmente é o Chefe de Gabinete da Secretária Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital.

Nos tempos livres faz Vela (Secção de Botes Baleeiros do Clube Naval da Horta - CNH), participando em provas da Secção de Mini-Veleiros desta instituição náutica.

 


Cristina Silveira