Fotografia de: André Campos Silva


Foram 17 os participantes (do Faial e Pico) na Formação Contínua Específica para Treinadores de Futebol, denominada “Modelo de Jogo, Modelo de Treino - Coerência de Modelos”, decorrida na ilha do Pico, de 29 de Novembro a 01 do corrente.

Este momento formativo foi uma iniciativa da Associação de Futebol da Horta (AFH), sendo sido Formador Luís Couto Sousa, da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), detentor do IV nível UEFA Pro de Treinador de Futebol.

O Departamento de Comunicação e Marketing da AFH contactou o Formador e dois formados no sentido de perceber o balanço que fazem a esta Formação Específica, que não teve qualquer custo para os inscritos, tendo sido certificada com 3 Unidades de Crédito (UC).

 

 Luís Couto: “Encontrei muita qualidade e vontade de evoluir e fazer melhor”

 

“O balanço que faço é francamente positivo, atendendo a várias razões. Destaco, em primeiro lugar, o interesse, o empenho e a qualidade dos formandos. Tratava-se, efectivamente, de um grupo muito homogéneo nas suas qualidades, quase todos no activo e com muitos contributos para partilhar.

Em segundo lugar, toda a logística de apoio à iniciativa funcionou muito bem. Nada mais agradável, quer na perspectiva do Formador, quer na dos formandos como ir percebendo que tudo acontece conforme estava programado.

Estas iniciativas são, claramente, belos momentos de reflexão e partilha para os Treinadores. Tenho a certeza de que pouco ou nada ensinei. O que fiz, isso sim, foi sistematizar um conjunto de temas que levei à discussão e à pratica e que permitiram que, ao fim de 15 horas de trabalho conjunto, saíssemos todos melhores treinadores.

Contudo, há um aspecto que eu melhoraria e que tem a ver com as equipas disponibilizadas para a componente prática, ou seja, tentaria adequar o perfil da equipa ao trabalho que se ia desenvolver. Por outras palavras: a sessão que necessitasse do grupo mais evoluído técnico ou taticamente teria à sua disposição um grupo com essas características. O critério que utilizamos, e bem, foi um critério de disponibilidade, ou seja, às 09h30 de sábado [dia 30] estava disponível a equipa A e foi essa equipa que ficou no apoio à sessão. Resolveu, mas podia ser melhor.


O facto de ser pós-laboral, representa um esforço tremendo para os formandos que estiveram presencialmente em 15 horas de formação. Obviamente que não se trata – pedagogicamente – do melhor dos métodos. No entanto, é o possível.

Claro que um Formador da área é fundamental para estabelecer uma boa e eficaz comunicação. Aliás, nem a FPF ou a AFH permitiriam que uma acção específica para o Futebol ou Futsal fosse realizada por alguém que não um Treinador.

Tenho participado com regularidade em acções deste tipo, muitas das quais feitas em território Açoriano, de onde, aliás, sou natural.  

A Formação Contínua Creditada é, não só, uma exigência que decorre da  Lei n.º 40/2012, de 28 de Agosto como, também, da UEFA, que requere 15 horas de formação de 3 em 3 anos o que dá uma média de 5 créditos por ano. Julgo que a Formação Contínua após se encontrar o equilíbrio do número de horas a frequentar será entendida, pelos Treinadores, como uma mais valia para a sua evolução.

Gostaria de deixar uma mensagem de apoio ao grupo de Treinadores com quem tive o prazer de trabalhar. Encontrei muita qualidade e vontade de evoluir e fazer melhor e uma outra coisa absolutamente invejável: muita paixão pelo jogo e pelo treino!”

 

Pedro Serpa: “Sou hoje, certamente, um bocadinho mais Treinador do que antes desta Formação”

 

“Naturalmente que o balanço é positivo. Para quem gosta verdadeiramente do Futebol e faz dele uma actividade importante no seu quotidiano, estes momentos são sempre vistos como novas oportunidades para aprender e trocar ideias com outros colegas. É mais um momento de valorização pessoal e, em última instância, isso terá de ser sempre encarado como um contributo para crescer e ser cada vez melhor nesta actividade, de que tanto gosto!

Sendo esta uma Formação Específica da modalidade, obviamente que tem uma importância maior do que outras, com conceitos mais gerais e abrangentes. Independentemente disso, tudo o que é proposto no sentido de nos dotar de maior conhecimento, alargar horizontes para acolher novas ideias sobre coisas para as quais, à partida, já temos a nossa opinião formatada, deve ser visto como o colmatar de um vazio que estas formações vão ajudando a combater.

No caso desta Formação em concreto, dificilmente algo poderia ser melhor. A AFH e o prof. Luís Couto procuraram criar todas as condições logísticas, materiais e de apoio para uma concretização bem sucedida deste momento formativo. A organização da mesma foi bem pensada e enquadrada, promovendo componentes teóricas interessantes e depois bem articuladas e complementadas com um trabalho de campo, que foi importante para consolidar os conceitos transmitidos.

 

“Quem gosta verdadeiramente do jogo, sai sempre valorizado”

 

Em termos de horários, dificilmente poderia ter sido diferente. Os afazeres profissionais sobrepõem-se sempre a esta actividade, de que nós, Treinadores, tanto gostamos. Nesse aspecto, realço como positivo o facto da AFH ter promovido uma pausa nas competições para que todos os Treinadores tivessem (não tendo jogos) a oportunidade de participar na Formação. Claro que todos temos as nossas vidas para além do Futebol, mas para quem gosta verdadeiramente do jogo e de tudo o que envolve, sai sempre valorizado com aquilo que aprende nestas formações. Sou hoje, certamente, um bocadinho mais Treinador do que antes desta Formação.

Mais do que a linguagem usada, o prof. Luís Couto é um comunicador. Passou a sua ideia sobre a temática da formação de maneira clara e objectiva, procurando, acima de tudo, alertar para as preocupações a ter na elaboração e condução do processo de treino, percebendo o impacto físico e fisiológico de tudo o que se faz e promove sempre que aplicamos conceitos e exercícios, numa necessariamente estreita correlação entre treino e jogo. No fundo, procurou dar as ferramentas para cada um de nós depois construir e desenvolver a sua ideia enquanto Treinador.

O nível de conhecimentos, o pormenor, as variáveis que ele identifica na elaboração do modelo de jogo e do processo de treino, fez com que rapidamente eu me tenha apercebido da distância a que ainda estamos e do caminho muito longo que temos de percorrer no sentido de atingir um nível e qualidade de trabalho desejáveis.



Estas formações são sempre vistas, à partida, como momentos que nos retiram tempo da nossa vida particular. Mas a partir do momento em que são as regras impostas por quem dirige, há que aceitar, perceber que o panorama tem mudado gradualmente de há uns anos para cá, fazendo destas formações momentos positivos e de aprendizagem e actualização de conceitos. Quem as frequenta, sai sempre mais rico. No entanto, não vale a pena esconder que, na maior parte dos casos, a adesão está directamente ligada à necessidade de obtenção de créditos para a renovação dos títulos de Treinador. Exactamente por isso, estava à espera de encontrar mais formandos.

Por outro lado, acredito que, pela obrigatoriedade da revalidação dos títulos, muitos se afastem e se desliguem da modalidade enquanto agentes desportivos por não terem tempo ou motivação para frequentar formações. Espero é que depois e como consequência, se façam as devidas distinções entre quem as frequenta e tem os títulos actualizados e quem não os tem, até por uma questão de justiça e de credibilidade do próprio processo.

Pessoalmente e no que toca ao meu trabalho, será certamente um bom contributo para me fazer pensar nos conteúdos que foram transmitidos e na sua aplicação. Já no imediato, dei por mim, na elaboração dos planos de treino e na escolha dos exercícios, a ter em atenção muitos detalhes que foram falados nesta Formação. Saí valorizado e acredito que poderei potenciar e dar qualidade a esta minha actividade a cada momento formativo que frequento. Agora, se é transversal a todos os outros colegas, se todos os que as frequentam as valorizam e dão o “peso” suficiente para as “levar” para o seu trabalho, isso já não posso garantir. Acredito que nalguns casos sim, noutros se calhar, nem tanto”.

 

Jorge Amaro: “Possibilidade de ter formação com bons treinadores e trocar opiniões com os restantes formandos”



“O balanço que faço é extremamente positivo! Estas iniciativas são muito importantes, pois, para além da necessidade de reunir os créditos suficientes à revalidação do Título Profissional de Treinador de Treinador, dão-nos a possibilidade de ter formação com bons treinadores e trocar opiniões com os restantes formandos (muitos deles treinadores com créditos firmados).

Entendo que muito pouca coisa poderia ser melhorada. Eventualmente, as aulas teóricas do domingo de manhã poderiam ter decorrido igualmente no Auditório da Escola Cardeal Costa Nunes. Considero que dispusemos de boas condições.

É um facto que estas formações são sempre em horário pós-laboral mas não poderia ser de outra forma. A vida também é feita disso: esforços adicionais ou sacrifícios pontuais, para que os proventos surjam mais à frente.

Naturalmente que o Formador foi uma peça-chave, pelo facto de ser alguém da área com imensa formação e experiência.

As acções de formação são bem recebidas pelos Treinadores. Quanto ao resto, sinceramente não sei... penso que a Certificação coloca exigências que requerem mais profissionais a tempo inteiro nos clubes e não estou a ver com que suporte financeiro (porventura Governo, Autarquias, Federação e Associações possam ter um papel importante a desempenhar a este nível).

Desde que comecei a trabalhar, nunca me considerei como Voluntário, porque sou licenciado em Educação Física com Opção de Futebol na Metodologia do Treino, Trabalho de Seminário em Futebol e Treinador de Futebol - Grau III. A Educação Física e o Desporto são o meu ‘métier’, pelo que, só tenho a ganhar quando frequento acções de Formação Contínua. E nesse sentido, quero agradecer à Associação de Futebol da Horta, à Federação Portuguesa de Futebol e à Direcção Regional do Desporto pelo esforço que fazem para que os Treinadores do Pico e do Faial (assim como os das Flores e do Corvo) consigam manter os títulos profissionais válidos”.

 

Cristina Silveira