1.      Pedro, estiveste na formação do Fayal SC de 2005, tinhas apenas quatro anos, a 2016. Qual a melhor memória que levaste contigo e quem te marcou enquanto pessoa e jogador?

São imensas as memórias que trago aos longo de todos estes anos, o que torna difícil escolher apenas uma. Há um momento que nunca esqueci, um golo que marquei.

Era um jogo muito importante: primeiro porque era contra o nosso rival (FC Flamengos), depois porque se ganhássemos ou empatássemos o jogo seriamos campeões. O jogo estava 3-3 e quase no final marquei um golo de bicicleta fazendo o 4-3. Eles ainda fizeram o 4-4 mas o golo ajudou a garantir o empate e o Campeonato.
Ao longo destes anos tenho convivido com muitas pessoas, dando alguma reverência aos meus colegas de equipa que ajudaram-me a ser um jogador melhor, e também ao meu Mister Pedro Serpa, que foi um treinador que sempre acreditou na minha capacidade.







 Foi no Fayal SC que Pedro Caeiro nasceu para o futebol.


2.      Em 2016 surge a oportunidade de ires para Portugal Continental.

Esta oportunidade vem no seguimento de uma série de observações que aconteceram ao longo dos anos. Fui observado e avaliado em várias ocasiões, como os campeonatos de ilha ou nos regionais. Os scouts também me avaliaram em seleções, nomeadamente nos dois Torneios Lopes da Silva em que participei, no Torneio Pauleta - com o Fayal SC - e por fim o Torneio de Abertura na Cidade do Futebol.


3.      Abandonar a ilha uma escolha fácil de tomar? Que reação teve a tua família?

Não diria que foi uma escolha fácil mas pensar que aquilo poderia proporcionar-me o futuro que desejava fez-me não hesitar.
Claro que para a minha família não foi nada fácil, sendo o mais novo e o primeiro a sair do núcleo familiar foi uma “bomba”. E ainda para mais sabendo de antemão que irão me ver poucas vezes durante o ano.Tocou-lhes um pouco. 
Eles sabiam que era aquilo que eu queria e apoiaram-me na minha decisão.

 

4.      Qual foi a principal diferença que sentiste quando chegaste ao Palmeiras FC? Foram difíceis os primeiros meses ou foi uma mudança subtil?

Onde notei mais diferença em termos de jogo foi claramente a tática. Não estava habituado ao estilo de jogo que implementavam aqui, mas com o tempo fui ao lugar e deu tudo certo.
Nos primeiros meses estranhei, estava habituado a um meio totalmente diferente, mas os meus colegas foram impecáveis, deixaram-me à vontade e integraram-me no grupo desde cedo.

 

5.      Supondo que um miúdo da formação da AFH recebia hoje uma proposta para se mudar para um clube continental e que tinhas dois minutos para falar com ele: que dirias?

Começava por lhe dar os parabéns pela conquista e dizia-lhe que conseguiu pisar o primeiro degrau da escada. É preciso continuar a subi-la com passos firmes e fortes.
Também dizia para não desanimar à primeira infelicidade que tivesse porque neste meio, porque pode ter a certeza que existirão muitas mais. Há que esquecer e passar à próxima. Por fim pedia-lhe para dar o seu melhor a todos os momentos, a este nível é como se estivéssemos numa selva: todos querem ganhar o seu espaço e temos que estar à altura deles.

 

6.      Houve algum momento em que sentisses “ quero ser jogador de futebol”, ou foi algo que surgiu do nada?

Quando aos quatro anos comecei a jogar futebol não passava duma maneira de me divertir e de manter-me ativo. À medida que fui crescendo e notando que tinha qualidade para algo mais formou-se na minha cabeça o desejo de me tornar profissional na modalidade.

 

7.      Participaste nas seleções AFH. Entre os momentos marcantes, qual se destaca?

Participei em várias seleções AFH sim , é algo de que me orgulho.
Uma memória que tenho das seleções foi uma que ocorreu na última vez em que estive ao serviço de uma seleção da AFH. Estavamos em 2016, no Torneio Regional Interassociações que decorreu no Faial. Era o nosso último jogo e, se não me falha a memória, contra a seleção de Ponta Delgada.
Se ganhássemos seriamos campeões, e sendo contra Ponta Delgada seria teoricamente muito difícil visto que na minha geração eles ganhavam todos os torneios.
Então, o jogo estava 1-1 e fui para avançado. Do nada metem-me uma bola nas costas da linha defensiva, eu ganho posição ao defesa e faço um chapéu ao guarda redes, marcando o 2-1. Ganhámos o jogo e fomos campeões regionais. 
Após todos aqueles anos a representar a seleção foi a única vez que conseguimos levar a taça.

 

8.      A época passada estavas pelo SC Braga e este ano jogas no Boavista FC. Identificaste-te com o modo de estar dos nortenhos e minhotos?

Gostei imenso de ter vindo para o Norte, e logo para um clube como o SC Braga. Foi um clube que ajudou-me a ganhar experiência e maturidade. Ensinaram-me várias coisas e ganhei um carinho muito especial pelos arsenalistas, só lhes tenho a agradecer.
O Boavista FC é um clube que me recebeu muito bem e que me proporciona um futuro promissor. Estão a ajudar-me a aprimorar as minhas características.

 

9.      Desde que estás no Continente quais foram as tuas principais vitórias?

O facto de estar mais maduro. Estas experiências exigem uma resposta à altura e isso só se consegue com maturidade e trabalho.
Segundo, o estar mais experiente futebolisticamente. Tenho tido oportunidade de partilhar ideias com pessoas muito dotadas e com muitos conhecimentos sobre a modalidade. Isso ajuda-me a crescer e a melhorar continuamente.

10.   És um jogador tendencialmente defensivo. Sentes-te mais confortável enquanto médio ou defesa?

Sim, jogo a lateral esquerdo. Quando comecei a jogar no Faial era médio centro, visto que as minhas características davam para isso. Gostava muito de jogar no meio.
Depois quando vim para o SC Braga fui adaptado a lateral e permaneci nessa posição. São duas posições no qual passei e tanto me faz se fizer uma ou outra.

De qualquer forma não tenho uma preferência, se o Mister pedir para ser Guarda-Redes eu faço-o com todo o gosto.




11.   Qual é o teu maior atributo enquanto jogador? E o que sabes ter de melhorar para dares um passo em frente na tua carreira?            

Um atributo que eu acredito me trazer vantagem é o físico. Acabo sempre, ou quase sempre, por me destacar pelo meu físico nos sítios por onde passo. 

Uma vez que jogo a lateral é necessário ter velocidade, sendo este um ponto que tenho que explorar e desenvolver melhor.

 

12.   Ainda não foste chamado à equipa das Quinas. É um objetivo a cumprir?

Acredito que todo o jogador de futebol partilha o desejo de representar a sua seleção nacional. Não há maior orgulho e honra do que representar o nosso país, a nossa pátria.
Portanto, sim, desejo e anseio afincadamente a oportunidade de vestir a camisola das Quinas.

 

13.   Numa frase, o futebol é…

Liberdade.

 

14.   Onde te vês daqui por cinco anos?

A curto prazo quero assinar contrato profissional com o Boavista FC. Tenho o desejo particular de jogar na Premier League. Para mim é a melhor liga do mundo, com os melhores do mundo. Jogar lá seria uma responsabilidade acrescida e um orgulho enorme, pois não há coisa melhor do que jogar com os melhores, contra os melhores.